momento, EF chama a atenção para si e insiste em mostrar o desenho que fez,somente então RN aceita o sentido atribuído à expressão, RN: ah... por causa daescova... lógico... porque se fosse <strong>um</strong>a mão lava a outra.../ ...se fosse lavar asmãos não teria a escova.Esse desenho opera, na interação, como elemento constitutivo dalinguagem, ao funcionar como elo coesivo, transitivo, relacional, ao possibilitar quea objetivação significativa progrida e que seja re-orientada arg<strong>um</strong>entativamente,pela explicitação de sentido que estabelece.Este é <strong>um</strong> dado exemplar para demonstrar a relevância do aspecto nãoverbalpara a construção arg<strong>um</strong>entativa, entretanto, o resultado somente pode serobtido por meio do trabalho conjunto entre os membros do grupo, pelo esforçocooperativo em que se envolvem na interação.O papel enunciativo em que RN se encontra é de dificuldade, porque elatem em mãos e lê para o grupo o sentido atribuído à figura, embora demonstrenão estar convencida da explicação que lê, e ainda porque ninguém do grupoquestiona o sentido expresso na explicação. Ape<strong>nas</strong> EF ass<strong>um</strong>e posiçãodiferente, não concordando com a explicação por perceber o papel da escova nocontexto. EF se vale de movimentos pragmáticos, de conhecimento de mundo,para dar sentido à expressão – colocando em evidência que a operaçãoarg<strong>um</strong>entativa não advém do funcionamento isolado da língua.No dado III, que analiso a seguir, EM chama a atenção do grupo para <strong>um</strong>aconversa paralela que estava tendo com EF, e os chama a participar do assunto.Antes de passar à análise desse recorte (02/12/2004), situo e apresento o dado.Os participantes encontram-se tomando café, JC explica a NS a diferençaentre língua falada e norma culta; na seqüência, EM faz referência a <strong>um</strong>aconversa paralela que estava tendo com EF, e assim retoma o assunto com ogrupo, introduzindo ela mesma o tópico discursivo, tomando o turnoconversacional para si e chamando a atenção de todos para <strong>um</strong> envolvimentodireto na questão que apresenta.61
EM: gente... <strong>um</strong>a coisa é... o seu EF bom a gente tem alg<strong>um</strong>as coisinhas a tratarinclusive do nosso passeio lá em Piracicaba... o seu EF ok?queria::podemos?[((para fala paralela de NS com JC))EM: ... ó seu EF queria contar né <strong>um</strong>a::coisa pro grupo ... que temEF:[ah::EM: a ver com esse papel que o senhor tem aí né seu EF... é::((EM tem o mesmo papel, <strong>um</strong> folder, e o mostra para MS ler))MS:(gazo de verda)EM: então... seu EF contou pra nós semana passada que ia n<strong>um</strong> jantar na hípicané com a Sandra sua filha né... a gente tava conversando sobre isso enquanto agente esperava o grupo chegar... a gente tava conversando sobre... a gente tavacontando você perguntou se ele pagou?...o quê que foi aquela estória? ((dirigindosea MG, que está a seu lado))MG: não... se ele... pagaEM: pagou geral o jantar da hípica?MG: não... pagar o (SI) nãoEM: a::MG: duzento ô láMS: du-zentos milEM: tá falando do jantar ou da...MG: do jantarEM: a::h paga pra ir no jantar?MS: [issoMG: [issoEM: e foi quanto?EF: é cem...trezentos((EF faz movimentos de quem escreve a palavra))JC: duzentosEM: é muita coisa... só se foi lá no restaurante francês((EF acena negativamente com a mão))EF: vinte cin-coEM: vinte e cinco ah legal... a gente paga duzentão... duzentos reais n<strong>um</strong> jantar...é aquele jantar... seu EF foi quanto? Vinte::EF: cinco((com movimento labial difícil para realizar os fonemas))EM: vinte e cinco... foi bem tudo lá? divertiu-se? gostou?((EF afirma com gesto de cabeça)) 37EM mas o senhor não foi só neste jantar o senhor tava contando... que teveesse::esse evento aqui... ((aponta no folder que tem na mão)) e apresentação dequem?37 Utilizo esta notação para marcar a divisão dos dois tópicos principais em que divido o dado.62
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Eliana da Silva TavaresCOMPETÊNCIA
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Pedro.Aos amigos do GEAE de Barão
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AbstractMy dissertation is inscribe
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