exterior 41 , ao contrário de outros membros do grupo. Além desses afásicos, hápeque<strong>nas</strong> participações de MN na conversação.Nesse sentido, os afásicos envolvidos ativamente na interação têm <strong>um</strong>conhecimento enciclopédico significativo, relativo ao tópico estabelecido, inclusivesobre questões políticas e geográficas que envolvem a região basca e também aGuerra no Iraque.Esses sujeitos demonstram <strong>um</strong> saber específico, que lhes possibilitaparticipar do tópico estabelecido por JM e ainda arg<strong>um</strong>entar - de maneiracompetente - na medida em que agregam novas informações e mesmodemonstram desacordo sobre alg<strong>um</strong>as questões, como por exemplo, a quematribuir a responsabilidade pelo atentado.JM introduz o tópico discursivo por meio de <strong>um</strong> referente extremamentevago, fazendo com que a referência dêitica Espanha, seja, em princípio, a unidadelingüística que servirá de aporte para o desenvolvimento da conversação. Valerelembrar seu enunciado: aconteceu <strong>um</strong> negócio na Espanha.À significação de negócio, JM acrescenta o número de mortos, e SP tomapara si o turno conversacional, para especificar geograficamente o evento e, comisso, responsabilizar o grupo separatista ETA pelo atentado. Nesse momento,instaura-se <strong>um</strong> mal-entendido entre JM e SP, porque JM diz não não sei se ébasco, enquanto SP insiste em dizer que a região é basca e faz referência àfronteira entre Espanha e França. JM retoma o turno conversacional e esclarece aquestão, afirmando sei sei mas não sabe se é autoria do. A dúvida de JM eraquanto à autoria do atentado e não quanto à região de que falavam, comointerpreta SP.No contexto lingüístico-discursivo, a preposição e o artigo (... não sabe se éautoria do) sugerem <strong>um</strong>a continuidade no sentido de apontar os responsáveispelo atentado, mas a continuação se dá por meio da interrogação de EM, quecomeça a juntar as informações que SP e JM estão dando: região de fronteira,número de mortos, mas sem especificar o referente, pois ainda utiliza <strong>um</strong>a41 MG era proprietária de <strong>um</strong>a agência de viagem antes do AVC, o que a faz ter <strong>um</strong> conhecimento geográficosignificativo.71
unidade lexical vaga: evento. Em seguida, SP fala três bomba lá, ao que EMretoma e, organizando todas as informações que lhe foram dadas, preenche osentido, ao dizer <strong>um</strong> atentado, o que é confirmado por MG.JM e SP conseguem introduzir e fazer progredir <strong>um</strong> tópico a partir daarticulação conjunta de informações que vão agregando, na medida em que otópico de desenvolve. SP se vale de <strong>um</strong>a série de movimentos e gestos para fazerreferência à localização de fronteira da região basca, justamente pelas restriçõeslingüísticas resultantes de sua afasia. Esses movimentos e gestos sãoreconhecidos e interpretados pelos interlocutores, o que demonstra, mais <strong>um</strong>avez, o papel significativo das semioses não verbais na constituição de sentido.A partir desse ponto, outros tópicos discursivos são desenvolvidos. Oprimeiro é relativo à atribuição de responsabilidade pelo atentado. JM pensa quetambém o grupo islâmico AL Qaeda pode ser responsabilizado pelo ocorrido.Assim, a orientação arg<strong>um</strong>entativa, que faz a conversação avançar, neste ponto,se desenvolve em função dos arg<strong>um</strong>entos que atribuem a responsabilidade doevento a <strong>um</strong> ou outro grupo terrorista.JM atribui ao apoio que a Espanha deu aos Estados Unidos, na Guerra doIraque, a possibilidade de o atentado estar ligado à Al Qaeda – JM estabelece aseguinte relação: al qaeda porque... os espanhóis per pertenceram à:::: qaeda doIraque. Entretanto, SP insiste em atribuir o atentado ao grupo separatista basco.Na seqüência, JT arg<strong>um</strong>enta que o grupo ETA há alg<strong>um</strong> tempo não temcometido atentados: eles são separatistas né...eles querem <strong>um</strong> país Basco...maspor conta do apoio que a Espanha deu pros Estados Unidos isso é suspeita derepente... porque faz tempo que não tem atentado do ETA na... Somenteconsiderando o arg<strong>um</strong>ento de JT é que SP admite a possibilidade de o atentadoterrorista poder, de fato, estar ligado aos árabes.As unidades não-verbais envolvidas na interação não têm por funçãocomplementar o uso da linguagem, nem tampouco colocá-la em contexto. É nessesentido que atribuir à arg<strong>um</strong>entação <strong>um</strong> caráter enunciativo, de naturezainteracional, requer a consideração da atividade discursiva como produto daequação entre elementos semiológicos verbais e não-verbais - sem que deva ser72
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