Assim, insiro minhas investigações acerca da arg<strong>um</strong>entação n<strong>um</strong>apesquisa lingüística que tem, hoje, não mais a supremacia incontestável da forma,mas sim <strong>um</strong> movimento singular da problemática da significação, que tomou forçae ocupa, no cenário lingüístico (basta ver as questões temáticas dos maiores emais importantes eventos da área no Brasil e no mundo, bem como sua produçãobibliográfica), <strong>um</strong> lugar que se afirma não só pelo destaque qualitativo, comotambém quantitativo dos estudos que propõe. Nesse sentido, cada vez mais, asinvestigações semânticas se aproximam de perspectivas que chamam para sielementos inicialmente considerados exteriores à língua: como subjetividade,interação, contexto, dêixis, modalidade, performatividade, enunciação, discurso,entre outros. Portanto, não importa aqui ape<strong>nas</strong> o estudo da língua, do código eda relação interna de seus constituintes, mas antes, o que se impõe é justamenteo estudo da linguagem em seu funcionamento, da relação de reciprocidade entreinterior e exterior lingüístico, na medida em que se auto-regulam.É necessário, então, estabelecer em que termos me sirvo de categoriasanalíticas como enunciação (enunciado, enunciativo), pragmática e mesmodiscurso. Em primeiro lugar, é preciso compreender em que proporção pragmáticae enunciação se aproximam e se distanciam.A questão relevante nesse contexto é considerar o pragma enquantoelemento constitutivo da língua, o que permite dispor de categorias lingüísticasque possibilitam análises de diferentes ordens, quer da língua, quer do discurso.De acordo com Cervoni (1989), é mais produtivo - para a investigaçãolingüística - o estudo da enunciação se considerados os fenômenos postos pelapragmática, que a tentativa de delimitar quais categorias estariam atreladas a <strong>um</strong>enfoque pragmático ou a <strong>um</strong> enfoque semântico - sobretudo porque há fenômenoslingüísticos comuns, convergentes, complementares, inter-relacionáveis, entreLingüística Pragmática e Lingüística Enunciativa.Nesse sentido, o que se apresenta como substancial é justamente aconsideração da subjetividade na linguagem e, conseqüentemente, o caráteratitudinal a ela atribuído. Para as questões que me proponho neste momento, nãobasta a consideração da língua meramente como meio de comunicação, mas3
justamente enquanto capacidade do locutor de se propor como sujeito, já que ofundamento da subjetividade (...) se determina pelo status lingüístico da pessoa(Benveniste: 1995, 286).Atribuir ao pragma <strong>um</strong> caráter lingüístico permite atrelar a noção de ação àlíngua. Nessa direção, a linguagem passa a ser encarada como forma de ação,ação sobre o mundo dotada de intencionalidade, veiculadora de ideologia,caracterizando-se, portanto, pela arg<strong>um</strong>entatividade (Koch: 1996, 17).Nesse sentido, a Lingüística insere, sob seu escopo, estudosfundamentados n<strong>um</strong>a Teoria da Enunciação, possibilitando tomar o discurso, otexto e a conversação, enquanto categorias analíticas, o que resulta em áreas deinvestigação como a Lingüística Textual, a Análise da Conversação e a Análise doDiscurso.Estabelecido este quadro de apresentação das investigações relativas àsignificação em Lingüística, me proponho retomar os estudos sobrearg<strong>um</strong>entação, procurando acompanhar o movimento que as construções teóricasoperam, e por sua vez, o lugar que lhe reservam - se considerado que, desde aantigüidade, há <strong>um</strong>a dupla resposta para a questão relativa à linguagem, nosentido de saber se sua natureza é eminentemente arg<strong>um</strong>entativa ou narrativa(Charaudeau: 2005).Orientar minhas investigações a partir de <strong>um</strong>a abordagem enunciativarelativa à arg<strong>um</strong>entação faz com que a própria questão da referência seja redimensionada,já que a apresentação de <strong>um</strong> objeto não estaria vinculada à suaidentificação, nem mesmo à vericondicionalidade, mas às possibilidades deencadeamento discursivo disponibilizadas pela maneira com que é apresentado.A Teoria da Arg<strong>um</strong>entação na Língua (TAL), fruto das investigaçõesorientadas por Ducrot, destaca-se, nesse cenário, justamente por apresentar-secomo <strong>um</strong>a teoria enunciativa sobre o sentido, cujo vetor é a arg<strong>um</strong>entação.Essa posição implica distinguir o que, no interior da significação, é denatureza informativa e o que é de natureza arg<strong>um</strong>entativa. Na TAL, qualquercaracterística informativa da língua deriva de sua natureza arg<strong>um</strong>entativa, e nunca4
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Ducrot e colaboradores propõem-se
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intersubjetividade, faz com que ess
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6. Referências BibliográficasAMOS
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GUILLAUME, G. Temps et verbe. Paris
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ANEXOS
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Informações neuropsicológicas e
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acompanhou até o final de 2002, qu
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UMA MÃO LAVA A OUTRAFigura 1Fonte: