estendê-lo diante de mim. O que é impossível, na medida emque ele depende da situação, e em que esta, ao envolver-me,escapa-me. (...) o locutor ignora necessariamente o que suaspalavras significam.Ao utilizar a Teoria da Arg<strong>um</strong>entação na Língua, procuro mostrar como osdados de afasia podem ser analisados a partir da consideração de critérios, decategorias relativas a <strong>um</strong>a abordagem mais estrutural da língua - emcontraposição às abordagens de caráter enunciativo-discursivo, apresentadas nosdados I, II, III e IV.No estudo desenvolvido por Ducrot, a enunciação é atrelada ao sentido doenunciado, e com isso, volta-se para o interior lingüístico, enquanto em propostascomo as da Análise da Conversação, justamente pela característica de <strong>um</strong> corpusde linguagem ordinária, de conversação, a categoria enunciação é atrelada àinteração, com base na qual constitui as relações entre os sujeitos e a linguagem.Minha intenção é de que os dados aqui utilizados possam refletir asdiferentes operações de linguagem realizadas pelos afásicos, mais enfaticamente,os recursos de que se valem para instanciarem-se discursivamente.A Teoria da Arg<strong>um</strong>entação na Língua pode explicar fenômenos comoaqueles encontrados em dados proverbiais, entretanto, não explica <strong>um</strong> dado comoII, em que EF se vale do desenho de <strong>um</strong>a escova para estabelecer o sentido daexpressão formulaica com que o grupo trabalha. O funcionamento dessa unidadenão-verbal não pode ser capturado e descrito pela TAL.Assim, diferentes movimentos são evocados para dar conta de <strong>um</strong>a análiseenunciativa dos dados com que trabalho, porque os próprios dados se constroema partir de diferentes operações.No dado II, a questão suscitada se resolve enfaticamente, por meio de <strong>um</strong>asemiose não-verbal, com a apresentação do desenho da escova, enquanto nodado IV a objetivação da significação é responsável pela construção conjunta dareferência, <strong>um</strong> atentado.87
Na Semântica ducrotiana, arg<strong>um</strong>entar é <strong>um</strong> ato, fruto da objetivação dasignificação, que está na base da orientação arg<strong>um</strong>entativa que autoriza. O ato dearg<strong>um</strong>entar tem o sujeito como suporte da enunciação, marcado na figura deenunciadores – a <strong>um</strong> dos enunciadores é atribuído o papel de locutor, 55 . Odirecionamento arg<strong>um</strong>entativo é a base sobre a qual a referenciação é constituída,portanto, base para o estabelecimento do sentido.Arg<strong>um</strong>entar é direcionar a significação, e na TAL, qualquer aspectoinformativo é derivado de aspectos avaliativos, marca explícita da subjetividade nalíngua.Em Ducrot, a arg<strong>um</strong>entação se constrói por meio de mecanismos verbais,como operadores e modificadores arg<strong>um</strong>entativos e pelo feixe de topoi que oléxico encerra, por isso a teoria toma a língua enquanto traço estruturante dodizer.Não é possível deixar de reconhecer a importância explicativa dascategorias analíticas postas pela semântica ducrotiana. Entretanto, a TAL nãoconstitui, sozinha, <strong>um</strong> aparato teórico que responda pelos atos de língua e dediscurso envolvidos na arg<strong>um</strong>entação, por isso, a necessidade de constituir <strong>um</strong>aparato teórico de cunho enunciativo que me possibilite não somente a descriçãodo funcionamento de operações arg<strong>um</strong>entativas constituídas a partir da língua,stricto sensu.Nesse sentido, torna-se necessária a articulação de teorias enunciativasque abordem as relações arg<strong>um</strong>entativas na linguagem em que a enunciação nãoserá tomada ape<strong>nas</strong> como constituinte do produto que é o enunciado, mas antes,que aponta para os saberes envolvidos na arg<strong>um</strong>entação. Sobretudo seconsiderarmos que no dado II há arg<strong>um</strong>entação, apesar da ausência de marcaslingüísticas que a explicite.Considerações dessa natureza levam a admitir que a presença ou não deunidades arg<strong>um</strong>entativas não sustentam, por si só, o fenômeno arg<strong>um</strong>entação. Há<strong>um</strong>a pluralidade de saberes envolvidos e articulados <strong>nas</strong> operações58 letra grega, denominada lâmbida.88
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AbstractMy dissertation is inscribe
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