considerada toda sorte de dificuldades relativas à linguagem, e mesmo suainstabilidade.Nesse sentido, aproximar a problemática arg<strong>um</strong>entativa, com que lida tantoa Neurolingüística quanto a Psicolingüística, pode favorecer <strong>um</strong>a investigaçãoacerca da instabilidade da língua, quer seja considerado <strong>um</strong> comprometimento delinguagem fruto de lesão cerebral, quer seja considerada <strong>um</strong>a criança no exercíciode aquisição da linguagem.No primeiro caso, é mister não esquecer que <strong>um</strong> sujeito afásico já contoucom a experiência da língua e o conhecimento de categorias das mais diversasordens e suas implicações de uso, como adequação discursiva, avaliação degramaticalidade e de aceitabilidade. No segundo caso, trata-se ainda do momentoem que a criança está testando hipóteses, justamente quanto ao reconhecimentoe funcionamento das categorias lingüísticas.É preciso considerar que a instabilidade da língua com que lidam <strong>um</strong>afásico e <strong>um</strong>a criança tem natureza distinta, e sua aproximação somente sejustifica na medida em que se procura extrair, do exercício operado por ambos,frente à assimetria do diálogo entre interlocutores das mais diversas naturezas, aspropriedades dos recursos de que se valem para resolver as dificuldades quesurgem na interação. Certamente que essa assimetria, bem como as dificuldadesinterativas de toda ordem, não se dão ape<strong>nas</strong> nos contextos de linguagempatológica ou de aquisição, mas que a particularidade destes contextos poderessaltar as operações realizadas pelos sujeitos neles envolvidos – principalmentese considerado que, em tais situações, há mais expectativa e maior possibilidadede surgimento daquilo que falta, daquilo que exige negociação, portanto, dosmecanismos agenciados no movimento de utilização das mais diversas semioses,relativamente ao que a literatura tem denominado língua stricto sensu.Apresentar as coisas dessa maneira faz com que a própria dicotomiainterior e exterior lingüístico seja posta em questão, como, por exemplo, nomovimento operatório de que se vale a semântica feita por Ducrot que, ao atrelar aenunciação ao enunciado, chama para o interior lingüístico os aspectos ligados aoevento único que constitui a enunciação. Entretanto, é preciso verificar que a9
manobra ducrotiana está a serviço do caráter estruturalista de sua proposta deinvestigação, ou seja, o movimento que opera dá-se em função de manter aautonomia da língua; o que parece colocá-lo na contramão daquilo que se temcompreendido como instância enunciativa, que apontaria para o exteriorlingüístico. É nessa medida que importa retomar Cervoni (1999), para quem aespecificidade de <strong>um</strong> estudo de caráter enunciativo será determinada a partir damaneira como se concebe enunciação, bem como da relação entre essa e outrascategorias postas pela análise lingüística, como interação e inter-subjetividade.Importa, particularmente à minha investigação, compreender osmecanismos lingüísticos com que a língua dispõe categorias próprias para aarg<strong>um</strong>entação. Ferramentas de natureza lingüística, mas de <strong>um</strong>a LingüísticaEnunciativa, porque envoltas por formulações impostas pela noção de enunciação,questões essas de ordem pragmática, discursiva, interativa, social etc. Éjustamente a manipulação destas ferramentas - e os movimentos por elas postosou impostos discursivamente (ou ainda os recursos semiológicos e pragmáticos deque se valem os afásicos) - que possibilitará a interrogação acerca dascompetências envolvidas em seus exercícios com a linguagem. Busco, então,compreender como as pessoas arg<strong>um</strong>entam - frente às coerções a que ofuncionamento da linguagem lhes impõe.Estabelecido este quadro, a competência não pode ser tomada somenteenquanto fenômeno interior ou exterior à linguagem, <strong>um</strong>a vez que a significaçãonão é somente signo, mas também enunciação; sobretudo n<strong>um</strong>a perspectiva emque seja estabelecida enquanto processo, em que são considerados, naconstituição do sentido, elementos como a situação enunciativa, os interenunciados,os enunciadores, os implícitos, entre outros.Assim, não deixo de dialogar, e mesmo de me servir, daquilo que temensinado as investigações, por exemplo, em Lingüística Textual e Análise daConversação, na medida em que apresentam categorias analíticas de relevo parao problema que me proponho investigar.Somente é possível propor <strong>um</strong> estudo com as características aquiapresentadas, relativas a <strong>um</strong> corpus de afasia, porque o Centro de Convivência de10
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neta e que seu nome é o mesmo de u
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somente para a expressão oral, mas
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Ducrot e colaboradores propõem-se
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elativamente a enciclopédia boa pr
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seu eixo, cabendo então questionar
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5. Considerações finaisA abordage
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intersubjetividade, faz com que ess
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6. Referências BibliográficasAMOS
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GUILLAUME, G. Temps et verbe. Paris
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ANEXOS
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Informações neuropsicológicas e
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4. EFSexo: masculinoData de nascime
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acompanhou até o final de 2002, qu
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UMA MÃO LAVA A OUTRAFigura 1Fonte: