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Estados Unidos: Visões Brasileiras - Funag

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Nesta matéria, vale a pena recorrer a observações de NorbertElias 32 : nos modernos <strong>Estados</strong>-nação, os indivíduos são submetidos a doiscódigos de norma contraditórios que subsistem em graus variáveis deamálgama e separação. De um lado, e mais antigo, o código de preservaçãodo Estado, que implica hostilidade ao estrangeiro em face de ameaças, eque, na sociedade de massas, transformou “máximas maquiavélicas” em“imperativo categórico”. De outro lado, e mais recente, um “códigohumanista, igualitário ou moral”, cujo valor supremo é a pessoa, o serhumano individual. As circunstâncias – paz ou guerra, esfera privada ouvida pública – afetam a relevância e a alternância cotidianas dos doiscódigos. Contudo, algumas culturas teriam revelado maior facilidade paraum amálgama bem-sucedido, enquanto outras foram mais sensíveis àincompatibilidade. Neste último caso, a resultante é um nacionalismo maisagressivo, mais hostil. A Grã-Bretanha seria um caso de amálgama – queao adversário pode sugerir hipocrisia. A Alemanha veio a ser, na primeirametade do século XX, o caso extremo de percepção de incompatibilidade,de normas e de adesão a um código de hostilidade nacional. Na tipologiade Elias, pode-se aproximar os <strong>Estados</strong> <strong>Unidos</strong> do caso britânico, umnacionalismo expressivo e poderoso – que presidiu a um Império –, masacompanhado sempre de traços idealistas da tradição liberal-humanitária.Finalmente, e no plano externo, a justificativa expressa da primazia,no limite o puro interesse próprio, se transformaria em profecia que seauto-anula, ativando as reações típicas previstas pela teoria realista, nosentido de contenção da superpotência e estabelecimento de alguma formade equilíbrio de poder. E isto particularmente por parte dos aliados maisimportantes, “pares” que podem transformar-se em competidores paraalém da esfera econômica, em que já o são. A disjuntiva, ou seja, aaceitação aberta da primazia americana. tem como condição necessáriaa perda do sentido de nacionalidade por parte de populações e/ou elites32 Elias, Norbert. Os alemães. Rio de Janeiro. Jorge Zahar Editor, 1997, Parte 11: Umadigressão sobre o nacionalismo.42

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