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Estados Unidos: Visões Brasileiras - Funag

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Em relações de domínio, os detentores do poder semprevislumbram um horizonte temporal dilatado quanto à sua duração e semprese persuadem – e intentam persuadir aos dominados – que seu poder élegítimo. A este olhar, todas as primazias são benignas e justificáveis. Aforma é historicamente costumeira e o que passa a importar ao estudioso éo conteúdo com que se formula a pretensão à legitimidade. A conhecidaelaboração de Weber tem alguma aplicação nas relações internacionais: hápotências que justificam sua primazia de forma carismática (seu povo énaturalmente superior; ou é o eleito dos deuses; ou lhe foi conferido umdestino próprio a ampliar sua esfera de poder); outras apelam à tradição (aherança consagrada pelo Cristianismo de um novo Império Romano). Há,finalmente, outras, que se remetem à racionalidade instrumental moderna.Manifestação típica de dominação racional é o governorepresentativo, depositário de um mandato livre. Livre no sentido que,uma vez eleito, escolhido ou aceito, o governo determina, por suas políticas,o que é o bem público – ou, em linguagem mais recente, qual a melhorprovisão de bens públicos. Seu desempenho – e a continuidade de seumandato – está associada a esta provisão: “grandes potências permanecemgrandes, se promovem seus interesses próprios, servindo aos interessesdos outros”, eis como Joffe conclui seu trabalho. A analogia (a primazialegitimada é um proto-governo representativo) seria perfeita, não fôrapor uma ausência. Para prover bens públicos (segurança, por exemplo), ogoverno pode coagir e pode tributar – é impossível não fazê-lo, até paraevitar o consumo gratuito, ou a baixo custo, de bens dispendiosos (o jáproverbial problema dos “caronas” das teorias sobre a ação coletiva).Contudo, a coação sobre os aliados está ausente do modelo – colaborarsob coação é um oxímoro. Nem comparece ao modelo a tributação –que, neste caso, é a (relativa) redução da soberania nacional. Resta,finalmente, a situação em que participar – aceitar o “governo” – derivade percepção por parte de cada “indivíduo” de que ele obtém benefícioespecífico ou evita custo específico: o Japão relaxa os seus temores emrelação à China; a França em relação à Alemanha e ambas em relação àRússia e assim por diante. Mas se este é um incentivo a aceitar o “governo”,52

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