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universidade federal do rio grande do sul instituto de filosofia e ...

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1007 (8 )# < 5/ 2 #7/,7 #7 &5/# . ! & /&Dois amigos (7 e 10 anos) <strong>de</strong> Pauline (5 anos) chegaram na casa eencontraram a empregada <strong>de</strong>itada no sofá, assistin<strong>do</strong> à TV, enquanto Pauline<strong>de</strong>senhava numa mesa ao la<strong>do</strong>. Eles chamaram a menina e comentaram:“Manda ela sair daí. On<strong>de</strong> já se viu empregada sentada no seu sofá! Mamãenão <strong>de</strong>ixa a Neiva nem sentar na nossa cama!”Devemos aqui lembrar da ambivalência <strong>de</strong>monstrada pela menina queimaginava como as coisas seriam diferentes se sua empregada pu<strong>de</strong>sseganhar na Sena. O mun<strong>do</strong> naturaliza<strong>do</strong> da segregação <strong>de</strong> espaços, dapoluição e da <strong>do</strong>ença, é implicitamente associa<strong>do</strong> a uma questão <strong>de</strong> classe.Se a empregada tivesse dinheiro, as coisas seriam diferentes. O afeto po<strong>de</strong>riaser traduzi<strong>do</strong> em amiza<strong>de</strong>, e os espaços comunga<strong>do</strong>s. Mas na situação atual,a distância social é tomada como um fato natural. Des<strong>de</strong> ce<strong>do</strong>, as criançasdas casas patronais vão introduzin<strong>do</strong> no seu repertó<strong>rio</strong> os sinais da distânciaque <strong>de</strong>ve-se manter <strong>do</strong>s serviçais, em pequenos rituais interpessoais <strong>de</strong><strong>do</strong>minação, como mostramos, no capítulo um, ter nos ensina<strong>do</strong> Rollins (1990).Interessante é pensar nessa separação <strong>de</strong> espaços como didática <strong>de</strong>uma distância social. Fátima Mernissi (1996), relatan<strong>do</strong> sua experiência <strong>de</strong>menina em um harém marroquino, <strong>de</strong>sfaz nosso imaginá<strong>rio</strong> <strong>de</strong> prisão erótica<strong>de</strong> mulheres árabes, mostran<strong>do</strong> que lá <strong>de</strong>ntro viviam famílias inteiras e que asegregação das mulheres, muito mais <strong>do</strong> que a proibição <strong>de</strong> saída à rua -porque esse grupo o fazia em <strong>de</strong>terminadas ocasiões - constituía-se naintrojeção <strong>do</strong> que significava hudud. O termo indica uma noção <strong>de</strong> fronteirasintransponíveis, mais <strong>do</strong> que um espaço concreto <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>. O hudud <strong>do</strong>s

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