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universidade federal do rio grande do sul instituto de filosofia e ...

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35necessida<strong>de</strong>s, que a boa educação me mandava colaborar. De toda forma,nada da nossa diferenciação social calou mais forte <strong>do</strong> que quan<strong>do</strong>voltávamos – Ramirinho , Edilene e eu – por algum motivo para Vitória. To<strong>do</strong>meu esforço <strong>de</strong> atenuar a distância, se aniquilava. Nas casas on<strong>de</strong> éramosrecebi<strong>do</strong>s, somente eu e Ramirinho tínhamos lugar à mesa. A nossa amigaEdilene – com quem tomávamos café <strong>de</strong> manhã senta<strong>do</strong>s no chão <strong>de</strong> suavaranda, com quem cochilávamos, <strong>de</strong>pois <strong>do</strong> almoço, na mesma cama, comquem lavávamos os pratos, <strong>de</strong> quem ouvíamos confidências sobre seusparentes e vizinhos – ficava em pé, nas nossas costas, esperan<strong>do</strong> as or<strong>de</strong>ns eas sobras <strong>do</strong>s nossos bifes. Eu me corroía com esta situação, que, antes daminha estada no bairro, era tão costumeira <strong>de</strong> qualquer casa brasileira.Edilene, mais sábia, esperava a gente colocar o pé na rua, para voltar àintimida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas piadas jocosas.Minha condição <strong>de</strong> patroa não foi ofuscada, tampouco. Ainda queandasse pelo bairro <strong>de</strong>senhan<strong>do</strong> mapas e fazen<strong>do</strong> anotações e perguntas, aconcretu<strong>de</strong> <strong>de</strong> pesquisa<strong>do</strong>ra, para estas pessoas pouco familiarizadas com aativida<strong>de</strong> acadêmica, era bem menos palpável <strong>do</strong> que a <strong>de</strong> patroa <strong>de</strong> Edilene.Fui muito bem recebida, porém sempre vista como uma patroa preocupadaem "ver como as empregadas realmente vivem".Além <strong>do</strong> convívio diá<strong>rio</strong> com as famílias, fiz um "plano geral da al<strong>de</strong>ia":visitei o comércio, freqüentei as igrejas, conheci os locais para beber e paradançar, entrei em contato com os estabelecimentos <strong>de</strong> ensino, procurei asinstituições públicas, ouvi muito sobre a história e organização <strong>do</strong> bairro.Entrei, também, em contato com o Sindicato das EmpregadasDomésticas <strong>de</strong> Vitória, on<strong>de</strong>, além <strong>de</strong> constatar que tipo <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s seusarquivos po<strong>de</strong>riam fornecer, entrevistei a diretoria sobre a história da formação<strong>do</strong> sindicato, como também sobre suas trajetória <strong>de</strong> <strong>do</strong>mésticas asindicalistas. Ten<strong>do</strong> que recortar meu objeto, <strong>de</strong>ixei <strong>de</strong> aprofundar a maiorparte <strong>de</strong>ste material <strong>do</strong> sindicato. No entanto, no último capítulo <strong>de</strong>sta tese,

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