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universidade federal do rio grande do sul instituto de filosofia e ...

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169@ #. @ 4 4I !%Para coroar seu status infe<strong>rio</strong>r – além <strong>de</strong> ser afim neste grupo familiar,mulher estéril e <strong>do</strong>ente – é consi<strong>de</strong>rada como bêbada. Esta acusação vez ououtra vem à tona. Para os padrões <strong>de</strong>sejáveis <strong>de</strong> esposa responsável, Edilenebebe <strong>de</strong>mais. Certa vez, a sogra e a cunhada esquivarem-se <strong>de</strong> lhe emprestarum cartão telefônico, comentan<strong>do</strong>:@ #- 2 %V % # %7 L %O próp<strong>rio</strong> mari<strong>do</strong> se queixa <strong>de</strong> Edilene, dizen<strong>do</strong> que tenta controlar amulher, mas nunca consegue encontrar on<strong>de</strong> ela escon<strong>de</strong> as garrafas: “Sóuma vez eu <strong>de</strong>i a sorte <strong>de</strong> abrir o forno <strong>do</strong> fogão… Mas é o diabo! Eu digo,Jurema, aqui em casa não tem harmonia; o problema <strong>de</strong>ssa mulher é bebida epimenta!”Todas estas críticas são feitas abertamente, “ditas na cara”, como elesfalam. Edilene também censura abertamente a sogra e a cunhada acusan<strong>do</strong>as<strong>de</strong> serem sovinas, não fazerem nunca comida e maltratarem o pobre velhoque entrega toda sua aposentaria para bancar o luxo das duas. Com asituação apresentada assim, é difícil compreen<strong>de</strong>r o que continua ligan<strong>do</strong>Tonho à sua mulher tão criticada por estes 13 longos anos 101 .101 Certamente, esta situação vai ao encontro <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> complementarida<strong>de</strong> hierárquicaon<strong>de</strong> homem e mulher não perseguem um i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> entre si, mas seus papéis são<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes um <strong>do</strong> outro <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma relação <strong>de</strong> subordinação/<strong>do</strong>minação. Neste mo<strong>de</strong>lo,ao homem cabe o papel <strong>de</strong> prove<strong>do</strong>r e esteio moral da família, e à mulher, retribuin<strong>do</strong>-lhe coma exclusivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus favores sexuais, o <strong>de</strong> <strong>do</strong>na <strong>de</strong> casa pacata e mãe <strong>de</strong> seus filhos. VerSarti (1989), Duarte (1986) e Víctora (1992). Entretanto, é necessá<strong>rio</strong> frisar que se estasmulheres nos seus discursos (<strong>de</strong> cobrança <strong>do</strong> rompimento <strong>do</strong> pacto <strong>de</strong> reciprocida<strong>de</strong> alheio)acionam tal mo<strong>de</strong>lo, observan<strong>do</strong> suas práticas parece não estarem muito preocupadas emefetivá-lo.

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