12.07.2015 Views

universidade federal do rio grande do sul instituto de filosofia e ...

universidade federal do rio grande do sul instituto de filosofia e ...

universidade federal do rio grande do sul instituto de filosofia e ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

195não havia reencontra<strong>do</strong>. Vimos Emen no pátio, lavan<strong>do</strong> pilhas <strong>de</strong> roupa, a<strong>de</strong>speito <strong>do</strong> adianta<strong>do</strong> da hora. Como ainda não tinha fotos <strong>de</strong> mulhereslavan<strong>do</strong> no tanquinho, pedi a Edilene para buscar a máquina fotográfica,guardada na casa <strong>de</strong>la.>7& W XH > ,HDepois <strong>de</strong> me fazer repetir duas vezes a mesma frase acompanhada <strong>de</strong>uma reverência inclinan<strong>do</strong> a cabeça, Edilene partiu em busca da máquina,porém não retornou, obrigan<strong>do</strong>-me a voltar sozinha por ruas e becos aindaestranhos para mim.Na bufonaria <strong>de</strong>sse ritual público <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempossamento, Edilene<strong>de</strong>monstra, como sugere o trabalho <strong>de</strong> James Scott (1990), o quanto a<strong>de</strong>ferência aos patrões não é um ato internaliza<strong>do</strong> <strong>de</strong> subserviência, mas, aocontrá<strong>rio</strong>, uma atitu<strong>de</strong> planejada <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> conformida<strong>de</strong>.Ao to<strong>do</strong>, a distância colocada pelos mora<strong>do</strong>res <strong>do</strong> bairro frente a mimnão foram tão contun<strong>de</strong>ntes quanto aquelas <strong>de</strong>marcadas por meus amigos <strong>de</strong>Vitória quan<strong>do</strong> encontraram com meus novos amigos <strong>do</strong> Jardim Veneza. Oepisódio que vou relatar nos dá mostras <strong>de</strong> quanto a <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> marca avida <strong>de</strong>ssas pessoas na socieda<strong>de</strong> brasileira, on<strong>de</strong>, a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> tornarem-semuito íntimas, <strong>de</strong>vem-se manter no seu lugar.Eu precisava fazer coisas burocráticas em Vitória. Assim, resolvi passaruma tar<strong>de</strong> na casa <strong>de</strong> uma amiga – pessoa muito próxima com quem já haviadividi<strong>do</strong> a moradia e que me <strong>de</strong>ixara uma chave. Edilene e Edinha logo seapresentaram para me acompanhar, aproveitan<strong>do</strong> para fazer um passeio nacida<strong>de</strong>. Colocaram roupas <strong>de</strong> sair, batom e lá fomos enfrentar o Transcol, oônibus que em 40 minutos nos <strong>de</strong>ixava perto <strong>do</strong> nosso <strong>de</strong>stino. Minha amiganão estava, mas graças à chave emprestada, pu<strong>de</strong>mos entrar. Eu fui logopara o computa<strong>do</strong>r resolver minhas coisas, enquanto Edinha sentou-se na

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!