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universidade federal do rio grande do sul instituto de filosofia e ...

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126Thompson elabora uma ampla contextualização das relações <strong>de</strong> classena Inglaterra setecentista, indican<strong>do</strong> hábitos e costumes tradicionais daeconomia moral <strong>do</strong>s plebeus, mostran<strong>do</strong> como os motins se organizavam anteàs transformações que a produção capitalista incipiente tentava implantar nastransações comerciais. A “resistência” popular em Thompson não é umacategoria presumida ante<strong>rio</strong>rmente ao exame das práticas <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res.Antes ela surge em situações particulares <strong>de</strong> enfrentamento com aaristocracia e o novo mo<strong>de</strong>lo burguês. Ao analisar as relações sociais numperío<strong>do</strong> <strong>de</strong> transição, o autor ressalta os significa<strong>do</strong>s das ações populares,ante<strong>rio</strong>rmente tratadas como mera mecânica da miséria.Seguin<strong>do</strong> nesse caminho, em meu estu<strong>do</strong> o "roubo" e as acusações <strong>de</strong>"roubo" são analisadas como partes constitutivas das relações <strong>de</strong> trabalho<strong>do</strong>méstico. Ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong> salá<strong>rio</strong> e <strong>do</strong>s presentes ofereci<strong>do</strong>s pelos patrões aosserviçais, o furto continua<strong>do</strong> que é efetua<strong>do</strong> (ou presumi<strong>do</strong>) pelas empregadasilustra as ambigüida<strong>de</strong>s das relações <strong>de</strong> classe que esse tipo <strong>de</strong> serviçoacarreta na socieda<strong>de</strong> brasileira. O exame das ane<strong>do</strong>tas sobre "roubo"recolhidas no trabalho <strong>de</strong> campo, permite ultrapassar os limites da“resistência” <strong>de</strong> classe, indican<strong>do</strong>, além <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> relação que se estabeleceentre subalternos e os supe<strong>rio</strong>res, uma configuração histórica <strong>de</strong> atuação <strong>de</strong>uma população subalterna que não prescin<strong>de</strong> nem se submete totalmente darelação com os grupos <strong>do</strong>minantes. O "roubo" oferece um campo <strong>de</strong>comunicação entre as classes, nesse senti<strong>do</strong> po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser pensa<strong>do</strong> comoexpressão performática, espaço pedagógico das relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r no país.As práticas <strong>de</strong> reutilização associadas com aquele “carregamento <strong>de</strong>formiguinhas” – os pequenos furtos <strong>de</strong> objetos busca<strong>do</strong>s na casa <strong>do</strong>s patrões– parecem muito com as “apropriações diretas da merca<strong>do</strong>ria”, das “lascas”,“retalhos”, e “cortinas”, que conforme Linebaugh (1983), compuseram osistema tradicional <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> produção <strong>do</strong>méstico durante o século XVIII.Segun<strong>do</strong> este mesmo autor, quan<strong>do</strong> o sistema monetá<strong>rio</strong> se implantou na

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