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universidade federal do rio grande do sul instituto de filosofia e ...

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158social, a gravi<strong>de</strong>z <strong>de</strong>ssa moça aos 16 anos é muito bem assimilada pelo seugrupo 93 – ainda que haja queixas maternas.De fato, a mãe era a única pessoa abertamente lamentosa. A cadaconversa, enfiava um colar <strong>de</strong> <strong>de</strong>cepções que a filha havia lhe proporciona<strong>do</strong>: 2 % Q %- ! ! 4 % 0C%- 1 %4 % A B - # @ A1 B/ ? (T )@// , >H ( 9 ) T Claudina frisa que se sacrificou durante longos anos, e não foi parasimplesmente botar comida na mesa. Era para realizar um projeto familiar <strong>de</strong>ascensão social em que a filha, “bem criada” e acostumada a um padrãoeleva<strong>do</strong> <strong>de</strong> vida, <strong>de</strong>sempenhava um papel fundamental (Fonseca, 1993b).Sempre que me mostrava o luxo <strong>de</strong> cada artigo <strong>de</strong> sua casa (fogão autolimpante <strong>de</strong> seis bocas, vesti<strong>do</strong> <strong>de</strong> renda para Edinha, som), Claudina<strong>de</strong>screvia longamente as táticas para ter acesso a bens tão caros:financiamento em 48 vezes, comer apenas arroz, fugir <strong>do</strong>s cobra<strong>do</strong>res, nãopagar água e luz e fazer ligação <strong>de</strong> “gatos”. Algumas artimanhas não eram93 Diferentemente da situação <strong>de</strong> risco que a gravi<strong>de</strong>z nessa faixa etária apresenta para osfilhos das camadas médias e altas, nos grupos populares, a gravi<strong>de</strong>z parece ser um rito <strong>de</strong>passagem entre a infância e a vida adulta. Por meio <strong>de</strong>la, as meninas procuramin<strong>de</strong>pendência da tutela da família <strong>de</strong> origem. Engravidar faz parte <strong>de</strong> saberes femininos <strong>de</strong>sedução; forma mais tradicional das meninas assegurarem um parceiro fixo, montar uma casae tornarem-se <strong>do</strong>nas <strong>do</strong> lar, ou seja, adquirirem a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mulher adulta (ALMEIDA,1997; VÍCTORIA, 1992; PAIM, 1988) .

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