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universidade federal do rio grande do sul instituto de filosofia e ...

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74encontram, na oferta <strong>de</strong> seus serviços, uma das alternativas menos duras <strong>de</strong>sobrevivência no Brasil.Trata-se, portanto, <strong>de</strong> um processo amplo <strong>de</strong> reprodução da<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>. Porém, a dimensão <strong>de</strong>ste processo que nos interessa écentrada especificamente num tipo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> ligada à esfera <strong>do</strong>méstica – o“trabalho reprodutivo”. Este trabalho é <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> pela antropóloga Shellee Colencomo o trabalho “físico, mental e emocional necessá<strong>rio</strong> para a geração,criação e socialização <strong>de</strong> crianças, assim como a manutenção <strong>de</strong> casas[households] e pessoas (da infância até a velhice)” (1995, p. 78) 38 .Para <strong>de</strong>screver o mo<strong>do</strong> como as tarefas “reprodutivas” têm si<strong>do</strong>distribuídas <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com hierarquias <strong>de</strong> classe, <strong>de</strong> raça, <strong>de</strong> grupos étnicos e<strong>de</strong> gênero, Colen (1995) cunhou o conceito <strong>de</strong> reprodução estratificada.Através da análise <strong>de</strong> um contexto particular – o <strong>de</strong> babás caribenhas (emgeral, negras) em Nova York – mostra como o conjunto particular <strong>de</strong> valoresfamiliares abraça<strong>do</strong>s pelas mulheres profissionais da alta camada norteamericanasó se sustenta com a ajuda <strong>de</strong> serviçais oriundas <strong>do</strong>s paísespobres 39 . Estas, por sua vez, <strong>de</strong>ixam seus próp<strong>rio</strong>s filhos para serem cuida<strong>do</strong>spor outras mulheres no seu país <strong>de</strong> origem, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com valores e mo<strong>do</strong>s<strong>de</strong> organização familiar diferentes, porém complementares àqueles <strong>de</strong> suasemprega<strong>do</strong>ras. Uma certa <strong>de</strong>squalificação <strong>do</strong>s valores das mulherescaribenhas (que “aban<strong>do</strong>nam” seus filhos aos cuida<strong>do</strong>s <strong>de</strong> parentes evizinhos), contrastada com a exaltação <strong>do</strong>s valores daquelas que contratamseus trabalhos, seria re<strong>sul</strong>ta<strong>do</strong> da <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> social, política e econômicaque subjaz à relação 40 . Assim, Colen <strong>de</strong>monstra que “a reprodução38 “The reproductive labor – physical, mental, and emotional – of bearing, raising, andsocializing child and of creating and maintaining households and people (from infancy to oldage)’ (COLEN, 1995, p. 78)39 Com este caso, Colen (1995) introduz a dimensão transnacional nestas relações <strong>de</strong><strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> política, social e econômica.40 A autora indica que no contexto estaduni<strong>de</strong>nse, provavelmente em função da força <strong>do</strong>i<strong>de</strong>á<strong>rio</strong> da igualda<strong>de</strong> entre as pessoas na esfera pública, as mulheres pobres e, em geral,negras, não se submetem as condições <strong>do</strong> serviço <strong>do</strong>méstico remunera<strong>do</strong>, preferin<strong>do</strong> ficar emcasa cuidan<strong>do</strong> <strong>de</strong> seu próp<strong>rio</strong> lar.

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