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universidade federal do rio grande do sul instituto de filosofia e ...

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73as relações <strong>de</strong> classe são praticadas e reproduzidas. (GOLDSTEIN,2000, manuscrito) 35 .Nos lares brasileiros <strong>de</strong> classe média e alta, as relações familiares sãocotidianamente permeadas pela presença <strong>do</strong>s serviçais, os quais realizamto<strong>do</strong> o trabalho <strong>do</strong>méstico, inclusive o cuida<strong>do</strong> das crianças. Como diz DonnaGoldstein (2000), manter uma empregada <strong>do</strong>méstica é um sinal diacrítico nasocieda<strong>de</strong> brasileira, que sinaliza a distância da pobreza.Na própria realização das tarefas <strong>de</strong> cuida<strong>do</strong> e manutenção das casas edas pessoas – <strong>de</strong>sempenhada, na esmaga<strong>do</strong>ra maioria das vezes, pormulheres pobres, fora da parentela <strong>do</strong>s emprega<strong>do</strong>res –, assim como nasformas <strong>de</strong> remuneração e <strong>de</strong> relacionamento que se <strong>de</strong>senvolvem entrepatrões e empregadas <strong>do</strong>mésticas, reproduz-se um sistema altamenteestratifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> gênero, classe e <strong>de</strong> cor 36 . No Brasil, a manutenção a<strong>de</strong>quada<strong>de</strong>sse sistema hierárquico que o serviço <strong>do</strong>méstico <strong>de</strong>svela tem si<strong>do</strong>garantida, em particular, por uma ambigüida<strong>de</strong> afetiva 37 entre osemprega<strong>do</strong>res – sobretu<strong>do</strong> as mulheres e as crianças – e as trabalha<strong>do</strong>ras<strong>do</strong>mésticas. Nas negociações <strong>de</strong> pagamentos extra-salariais, na troca <strong>de</strong>serviços não vincula<strong>do</strong>s ao contrato, nas fofocas entre mulheres e trocas <strong>de</strong>carinhos com as crianças é impossível <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> reconhecer a existência <strong>de</strong>uma carga forte <strong>de</strong> afetivida<strong>de</strong>. Esta, no entanto, não impe<strong>de</strong> uma relaçãohierárquica, com clara <strong>de</strong>marcação entre chefe e subalterno, isto é, entreaqueles que po<strong>de</strong>m comprar os serviços <strong>do</strong>mésticos e aqueles que35Despite the obviously unequal power relations that un<strong>do</strong>ubtedly characterize thisrelationship [between maid and employer], it is the affective ambiguity of the relationship thatrequires further analyses. In the affective exchange between those who can afford <strong>do</strong>mestichelp and the poor who offer their services, class relations are practiced and re produced(GOLDSTEIN, 2000, manuscript)36 Elegen<strong>do</strong> um recorte que privilegia os fatores <strong>de</strong> gênero e classe, refiro ao leitor ostrabalhos <strong>de</strong> Azere<strong>do</strong> (1989), Goldstein (2000) e Barcellos (1996) para uma discussão sobre aquestão <strong>de</strong> cor nas relações entre empregadas <strong>do</strong>mésticas e suas patroas no Brasil.37 Conforme <strong>de</strong>monstra o trabalho <strong>de</strong> Goldstein (2000), cita<strong>do</strong> na epígrafe <strong>de</strong>ste capítulo.

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