12.07.2015 Views

universidade federal do rio grande do sul instituto de filosofia e ...

universidade federal do rio grande do sul instituto de filosofia e ...

universidade federal do rio grande do sul instituto de filosofia e ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

30<strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong>ssas mulheres trabalha<strong>do</strong>ras <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s lares <strong>de</strong> classe média.Observan<strong>do</strong> o cumprimento <strong>de</strong> suas tarefas, acabei também interagin<strong>do</strong> maisfacilmente com as crianças, filhas <strong>do</strong>s patrões, as quais passam <strong>gran<strong>de</strong></strong> parte<strong>do</strong> dia na convivência com as empregadas.Ao longo <strong>de</strong> uma pesquisa, os procedimentos meto<strong>do</strong>lógicos vão se<strong>de</strong>linean<strong>do</strong> conforme as situações apresentadas e as a<strong>de</strong>quações que opesquisa<strong>do</strong>r é obriga<strong>do</strong> a fazer acabam lhe ensinan<strong>do</strong> boa parte dascaracterísticas <strong>de</strong> seu objeto. Além <strong>do</strong>s limites expostos acima, um inci<strong>de</strong>ntepessoal – uma gravi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> alto risco – levou o trabalho <strong>de</strong> campo paracaminhos inusita<strong>do</strong>s. Durante 5 meses estive submetida a um repousoforça<strong>do</strong> <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a uma gravi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> alto risco. No lugar <strong>de</strong> impossibilitar umprocesso <strong>de</strong> investigação, meus problemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> fizeram os da<strong>do</strong>sbaterem à minha porta. As visitas <strong>do</strong>s amigos, vizinhos, empregadas ecrianças <strong>do</strong> prédio, fizeram o universo <strong>de</strong> pesquisa imergir completamente nomeu cotidiano, muito mais <strong>do</strong> que eu pretendia. Se bem que a perspectivaintersubjetiva estivesse já intrinsecamente vinculada à natureza <strong>de</strong>stapesquisa <strong>de</strong> "mulher sobre mulheres", no projeto inicial eu tomara algumasmedidas distancia<strong>do</strong>ras procuran<strong>do</strong> informantes fora da minha re<strong>de</strong> <strong>de</strong>relações. Os meses <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> casa, ten<strong>do</strong>, muitas vezes, apenas o corre<strong>do</strong>r<strong>do</strong> prédio como espaço <strong>de</strong> convivência pública, acabaram por exacerbarminha condição <strong>de</strong> "mulher no lar", tornan<strong>do</strong>-me uma observa<strong>do</strong>ra mais atentaao cotidiano das crianças; uma vizinha mais disponível para conversas,queixas, confidências e uma "patroa" presente - não apenas para comandar,mas também para ouvir.Muitas vezes fui surpreendida com relatos e explicações <strong>de</strong> patrões(amigos ou vizinhos) quan<strong>do</strong> nada estava a perguntar. Meus amigos, aoanteciparem as respostas, estavam precaven<strong>do</strong>-se da minha ativida<strong>de</strong>investigativa, projetan<strong>do</strong> explicações e justificativas, <strong>de</strong>marcan<strong>do</strong> cada vezmais o quanto essa relação patrão-empregada é <strong>de</strong>licada e imensamentepresente no dia-a-dia da família brasileira <strong>de</strong> classe média e alta. Muitas

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!