12.07.2015 Views

universidade federal do rio grande do sul instituto de filosofia e ...

universidade federal do rio grande do sul instituto de filosofia e ...

universidade federal do rio grande do sul instituto de filosofia e ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

86limpar e arrumar uma casa. Sem dúvida, a extrema insatisfação das patroasse remete, em parte, a um padrão <strong>de</strong> <strong>do</strong>mesticida<strong>de</strong>, tal como foi previsto porVigarello (1996) e Freire Costa (1983), que alia noções <strong>do</strong> campo médico,arquitetônico e administrativo. Um <strong>gran<strong>de</strong></strong> investimento é dispensa<strong>do</strong>, porexemplo, no planejamento e <strong>de</strong>coração, sobretu<strong>do</strong> das áreas <strong>de</strong> serviços ecozinhas. Apesar das salas <strong>de</strong> visita serem importantes, as partes funcionaisda casa recebem atenção especial com inúmeros armá<strong>rio</strong>s, lavan<strong>de</strong>rias comlugar para cada item e varais com sistema sofistica<strong>do</strong> <strong>de</strong> uso.Zelan<strong>do</strong> pelo bom <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> um papel que lhes foi historicamente<strong>de</strong>lega<strong>do</strong>, as patroas encontram no discurso da patologia médica suporte parasuas crenças. Limpa-se para evitar germes, contaminações, <strong>do</strong>enças. Anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sinfetantes, <strong>de</strong> limpar os cantinhos, <strong>de</strong> lavarseparadamente calcinhas e guardanapos, entre outras coisas, <strong>de</strong>nuncia umvínculo entre as noções <strong>de</strong> limpeza e o campo médico. Limpa-se o invisível.Como Emengarda, uma das empregadas entrevistadas, contava: “Ela [apatroa] exige que a gente lave o chão com água quente e sabão. Só <strong>de</strong>pois<strong>de</strong> enxaguar bem e secar ela manda a gente passar a cera”. Vejo aquiexemplos <strong>do</strong> que referimos no primeiro capítulo, sobre o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>noções da <strong>do</strong>mesticida<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna relacionada com higiene e a "visibilida<strong>de</strong>"ou não da sujeira (VIGARELLO, 1996).Esta segunda hipótese sobre concepções diferentes <strong>de</strong> limpar estariaapoiada em certas falas e práticas das empregadas, muitas das quais juramque fazem o máximo para satisfazer as patroas, produzin<strong>do</strong> com seu trabalhoum re<strong>sul</strong>ta<strong>do</strong> visível e rápi<strong>do</strong>. No final <strong>do</strong> expediente <strong>de</strong> trabalho, a casa não

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!