12.07.2015 Views

universidade federal do rio grande do sul instituto de filosofia e ...

universidade federal do rio grande do sul instituto de filosofia e ...

universidade federal do rio grande do sul instituto de filosofia e ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

33salá<strong>rio</strong>s mínimos. Apenas uma <strong>de</strong>las permanece casada. A mais velha (65) é<strong>do</strong>na <strong>de</strong> casa.Uma das patroas que entrevistei ficou, infelizmente, <strong>de</strong> fora <strong>de</strong> minhasanálises mais conseqüentes porque a conheci muito pouco tempo antes <strong>de</strong>ficar impossibilitada <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocar-me <strong>de</strong> casa, não sen<strong>do</strong> possível darcontinuida<strong>de</strong> às observações. Seu caso apresenta certas peculiarida<strong>de</strong>s quejulguei importante mencionar, ao menos para sugerir pistas para futurasinvestigações. Trata-se <strong>de</strong> uma senhora (65 anos), primá<strong>rio</strong>s incompletos,mora<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> um bairro da periferia, não trabalha fora, viven<strong>do</strong> daaposenta<strong>do</strong>ria <strong>do</strong> mari<strong>do</strong> operá<strong>rio</strong> da Companhia Si<strong>de</strong>rúrgica <strong>de</strong> Tubarão.Moram com ela suas 4 filhas solteiras e um filho separa<strong>do</strong>. Entre as patroaspesquisadas é a única negra. Significativamente, a situação em sua casa<strong>de</strong>stoava <strong>de</strong> toda e qualquer caracterização <strong>do</strong> restante da amostra <strong>de</strong>patroas. Na sua casa tive dificulda<strong>de</strong> para reconhecer quem eram suas filhase quem era a empregada. Esta ausência <strong>de</strong> distinção não po<strong>de</strong> ser reduzida àcor <strong>do</strong>s informantes. A estética <strong>do</strong> vestuá<strong>rio</strong>, <strong>do</strong> cabelo e a intimida<strong>de</strong> damenina-empregada na casa da patroa tornava seu comportamento muitosimilar ao das filhas <strong>de</strong>sta. A empregada mostrava-se mais tímida na nossapresença que os <strong>de</strong>mais membros da família, entretanto, é interessante notarque entre todas as empregadas entrevistadas era a única que não realizavasozinha as tarefas <strong>do</strong>mésticas. Cada filha, mesmo trabalhan<strong>do</strong> fora (comomanicura e cabeleireira a <strong>do</strong>micílio), era responsável pela arrumação <strong>de</strong> seuquarto e lavagem da roupa pessoal. A mãe era encarregada <strong>de</strong> preparar asrefeições. As tarefas da empregada eram arrumar a sala, limpar os banheiros,a cozinha e as varandas, mas, sobretu<strong>do</strong>, fazer companhia para a patroa quejulgava-se muito solitária com as filhas trabalhan<strong>do</strong> fora. Os homens da casanão tinham funções <strong>do</strong>mésticas. Po<strong>de</strong>ríamos talvez investigar sobre atrajetória das famílias <strong>de</strong> operá<strong>rio</strong>s, sem esquecer, sobretu<strong>do</strong>, daespecificida<strong>de</strong> da construção das relações <strong>de</strong> gênero nestes espaços. Até queponto o recorte étnico po<strong>de</strong> explicar essas aproximações entre patrões eempregadas é uma reflexão que também merece investigação maisaprofundada.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!