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universidade federal do rio grande do sul instituto de filosofia e ...

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207personalida<strong>de</strong>s e atitu<strong>de</strong>s muito especiais. Xangô é o Orixá mais malicioso eoportunista <strong>do</strong> panteon, lançan<strong>do</strong> mão <strong>de</strong> estratégias astutas para conseguir,da maneira mais fácil, aquilo que <strong>de</strong>seja. Oxum, por sua vez, correspon<strong>de</strong> àfeminilida<strong>de</strong> frívola, acostumada ao luxo e ao conforto, mas que afetivamenteé muito con<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte com seus filhos. Contrastan<strong>do</strong> com a simpatia quesente por estas entida<strong>de</strong>s, o povo <strong>de</strong> santo nutre <strong>de</strong>sconfiança ante o po<strong>de</strong>rlegítimo que Iemanjá – a rainha-mãe – possui. Iemanjá é consi<strong>de</strong>rada fria efalsa. Defen<strong>de</strong> seus protegi<strong>do</strong>s, passan<strong>do</strong> por cima da lei e, para esquivar-se<strong>do</strong>s ataques ao seu po<strong>de</strong>r, semeia a intriga entre seus oponentes. A Oxalá,pai <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o panteon, os fiéis reservam respeito, mas o vêem como um velhoque não é mais <strong>do</strong>no <strong>de</strong> seu po<strong>de</strong>r. Em outras palavras, o casal funda<strong>do</strong>r <strong>do</strong>Panteon – os quais representam o po<strong>de</strong>r instituí<strong>do</strong> – não é muito aprecia<strong>do</strong>entre os filhos <strong>de</strong> santo. Descreven<strong>do</strong>, assim, as representações acerca <strong>do</strong>sOrixás, Segato aponta para uma visão muito sagaz que esta população<strong>de</strong>senvolve, tanto sobre a política nacional, quanto sobre a posição que eles<strong>de</strong>têm neste mun<strong>do</strong>.Nessa mesma linha <strong>de</strong> investigação, Regina Novaes (s/d; 1995),discordan<strong>do</strong> da apreciação que se difundiu a respeito <strong>do</strong> “conserva<strong>do</strong>rismo”das religiões pentecostais, mostra como estas incorporam elementossimbólicos muito próximos ao i<strong>de</strong>á<strong>rio</strong> mo<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong>. Ao promoveremuma “separação entre as coisas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>” e as <strong>de</strong> Deus, os pentecostaisconstróem uma proposta <strong>de</strong> vida, um mo<strong>de</strong>lo que dignifica a vida <strong>do</strong> pobre. Aspráticas políticas <strong>do</strong>s grupos pentencostais, sugere a autora, antes <strong>de</strong>representarem alienação diante das coisas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, pautam-se numaprodução <strong>de</strong> senti<strong>do</strong> que p<strong>rio</strong>riza a dimensão religiosa da realida<strong>de</strong>. Entreeles, a experiência política é encompassada pela religiosida<strong>de</strong>. Assim, osseus posicionamentos políticos respeitam os princípios consonantes com as<strong>de</strong>mais representações <strong>do</strong> grupo, cujo comprometimento com a fé sesobrepõe a uma inserção racionalista na vida. Dessa forma, sacralizam apolítica. Em contraste com este tipo <strong>de</strong> inserção política, Novaes mostra comoa proposta <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> ação da CEBs (Comunida<strong>de</strong>s Eclesiais <strong>de</strong> Base) –que representa a experiência <strong>de</strong> polarização das alas progressistas da Igreja

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