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universidade federal do rio grande do sul instituto de filosofia e ...

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53serviços <strong>do</strong>mésticos, me pergunto quais serão as vantagens que estaocupação apresenta? Não é incomum encontrar cita<strong>do</strong>s nas pesquisas algunsbenefícios reconheci<strong>do</strong>s pelas <strong>do</strong>mésticas, porém suas opiniões sobre esteponto são, via <strong>de</strong> regra, interpreta<strong>do</strong>s como uma questão <strong>de</strong> falta <strong>de</strong>consciência política. Descreven<strong>do</strong> o perfil político <strong>de</strong> empregadas <strong>do</strong>mésticas,Farias (1983) c<strong>rio</strong>u uma taxinomia <strong>de</strong>saponta<strong>do</strong>ra:Confrontan<strong>do</strong> com as respostas que as empregadas <strong>de</strong>ram a outrasquestões (por exemplo, se gosta <strong>do</strong> emprego e o que acha pior nele,dificulda<strong>de</strong>s encontradas, etc.) teríamos os seguintes tipos: a)empregadas “conformadas” com a situação; b) empregadas“in<strong>de</strong>cisas” e c) empregadas “inconformadas”. Entre as“conformadas”, po<strong>de</strong>ríamos distinguir: as que chamaríamos <strong>de</strong>“agra<strong>de</strong>cidas” – aquelas que não se acham merece<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> nada ese mostram reconhecidas por qualquer atenção que lhes faça (comotivessem assimila<strong>do</strong> o <strong>de</strong>sprezo que outros têm por sua categoriasocial); as “assimiladas” – que assumiram a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> socialatribuída pelos patrões (“são da família” – dizem – e elas repetem:“sou da família”); “<strong>de</strong>sesperançadas” – são as que dizem quecontinuarão no emprego <strong>do</strong>méstico – “porque é o jeito,” “(...) <strong>de</strong>vi<strong>do</strong>à ida<strong>de</strong>” ou “porque tem cabeça ru<strong>de</strong>,” para conseguir algo diferente.(1983, p. 120).Embora muitas obras falem <strong>de</strong> forma pejorativa em vantagens, napesquisa <strong>de</strong> Cláudia Rezen<strong>de</strong> (1995), Empregadas Domésticas e seusPatrões: amiza<strong>de</strong> com <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> social e racial, estas assumem outrocaráter. Ao analisar a amiza<strong>de</strong> entre empregadas <strong>do</strong>mésticas e patrões apartir <strong>de</strong> um ponto <strong>de</strong> vista êmico, estuda tanto os fatores que favorecem aescolha da profissão <strong>de</strong> <strong>do</strong>méstica, quanto as expectativas das patroas emrelação a uma boa empregada. Rezen<strong>de</strong> explora justamente o significa<strong>do</strong>ambíguo, mas nem por isso negativo, da valorização da pessoalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stasrelações, as quais ela i<strong>de</strong>ntifica com a noção <strong>de</strong> cordialida<strong>de</strong> brasileira,<strong>de</strong>senvolvida por Sérgio Buarque <strong>de</strong> Holanda, como “uma necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>estabelecer relações pessoais sempre e em todas as instâncias” (REZENDE,1995, p. 16).Além <strong>do</strong> contexto da obtenção <strong>do</strong> da<strong>do</strong>, outra preocupação meacompanha: a <strong>de</strong> relacionar a situação <strong>do</strong> serviço <strong>do</strong>méstico com a realida<strong>de</strong>mais ampla <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho para a população estudada. No Brasil, on<strong>de</strong>

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