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universidade federal do rio grande do sul instituto de filosofia e ...

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32... quan<strong>do</strong> a disciplina se volta para a nossa própria socieda<strong>de</strong>, nummovimento semelhante a um auto-exorcismo, pois já não se trata <strong>de</strong><strong>de</strong>positar no selvagem melanésio o mun<strong>do</strong> <strong>de</strong> práticas primitivasque se <strong>de</strong>seja objetivar e inventariar, mas <strong>de</strong>scobri-las em nós, nasnossas instituições, na nossa prática política e religiosa. Problema é,então, o <strong>de</strong> tirar a capa <strong>de</strong> membro <strong>de</strong> um grupo social específicopara po<strong>de</strong>r - como etnólogo - estranhar alguma regra social oufamiliar e assim <strong>de</strong>scobrir (ou recolocar, como fazem as criançasquan<strong>do</strong> perguntam os "porquês") o exótico que está petrifica<strong>do</strong><strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> nós pela retificação e pelos mecanismos da legitimação(DAMATTA, 1981, p. 157 e 158).Por estes motivos apresenta<strong>do</strong>s, a pesquisa sistemática com os patrõesresumiu-se quase sempre a entrevistas abertas, às vezes filmadas. Mesmonão sen<strong>do</strong> eles – os patrões – o foco das minhas análises, são eles queemolduram o frame da análise. Diversamente da segunda parte da pesquisa,quan<strong>do</strong> investiguei as empregadas <strong>do</strong>mésticas no seu local <strong>de</strong> moradiaapresentan<strong>do</strong>-as como personagens da pesquisa, tomo aqueles patrões <strong>do</strong>meu próp<strong>rio</strong> círculo <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong> (os quais não estavam plenamentecientes <strong>de</strong> que faziam parte das minhas observações) como “entida<strong>de</strong>sespectrais” – presentes na análise através <strong>de</strong> elementos como suas queixas,mas não como personagens empiricamente <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong>s.As seis patroas formalmente entrevistadas ocupam posições sociaisdistintas nos extratos sociais e culturais da socieda<strong>de</strong> capixaba. Duas <strong>de</strong>laspertencem ao que <strong>de</strong>nomino <strong>de</strong> “elites”. São <strong>de</strong> famílias tradicionais <strong>do</strong>esta<strong>do</strong>, proprietárias <strong>de</strong> extensas áreas rurais e urbanas. Ambas têmformação universitária. A mais moça (por volta <strong>de</strong> 45 anos) exerce profissãoliberal e é casada, mãe <strong>de</strong> <strong>do</strong>is filhos. A mais velha (70 anos) é divorciada,tem duas filhas e 4 netos, nunca trabalhou fora, consome seu tempo<strong>de</strong>dican<strong>do</strong>-se à filantropia religiosa e a constantes viagens ao exte<strong>rio</strong>r.As outras patroas estudadas pertencem às chamadas “camadasmédias”. Nenhuma freqüentou cursos universitá<strong>rio</strong>s, alegan<strong>do</strong> uma trajetóriageracional <strong>de</strong> formação para o trabalho <strong>do</strong>méstico. As duas mais moças (45anos) tornaram-se funcionárias públicas. O trabalho remunera<strong>do</strong> para elas foicoloca<strong>do</strong> por premências da vida familiar (viuvez e morte prematura <strong>do</strong> pai) enão por escolhas individuais. Suas rendas pessoais variam entre oito e treze

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