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universidade federal do rio grande do sul instituto de filosofia e ...

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44força <strong>de</strong> trabalho feminina remunerada na América Latina. Trata-se <strong>de</strong> umaativida<strong>de</strong> massivamente feminina (95% <strong>do</strong> serviço é presta<strong>do</strong> por mulheres) eque, enquanto tal, é <strong>de</strong>svalorizada tanto pelos governantes quanto pelapopulação em geral. Uma <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong>sta <strong>de</strong>preciação é a consi<strong>de</strong>raçãoque para o cumprimento <strong>do</strong> serviço <strong>do</strong>méstico não é necessá<strong>rio</strong> treinamentoou qualificação, pois i<strong>de</strong>ologicamente pon<strong>de</strong>ra-se que a "mulher nasceu paraisso". Muchacha... mostra que o serviço <strong>do</strong>méstico é mal remunera<strong>do</strong>, nãodispõe da mesma cobertura <strong>de</strong> direitos que outras profissões conquistaram, érealiza<strong>do</strong>, em geral, por uma pessoa isolada, tornan<strong>do</strong> a ativida<strong>de</strong> invisívelpara as próprias trabalha<strong>do</strong>ras e dificultan<strong>do</strong> sua organização. Outracaracterística <strong>de</strong>ssa categoria é que suas li<strong>de</strong>ranças <strong>de</strong>sconfiam dasorganizações feministas.A principal questão acerca da <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> política que a inserçãoprofissional como <strong>do</strong>méstica acarreta para estes autores é a base clientelistada relação entre empregadas e patrões (este é um ponto <strong>de</strong> interrogaçãocomum <strong>de</strong> <strong>gran<strong>de</strong></strong> parte das pesquisas sobre empregadas <strong>do</strong>mésticas). Aacusação ao clientelismo, muitas vezes, é i<strong>de</strong>ntificada com a questão <strong>do</strong>personalismo ao qual este tipo <strong>de</strong> serviço está submeti<strong>do</strong>. Segun<strong>do</strong>Magdalena León, em seu artigo publica<strong>do</strong> em Muchacha..., não po<strong>de</strong>mosconsi<strong>de</strong>rar o serviço <strong>do</strong>méstico apenas como “uma ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> quese compra e ven<strong>de</strong> força <strong>de</strong> trabalho, mas também como um mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> vida”(1993, p. 281), pois as empregadas vivem a maior parte <strong>do</strong> seu tempo numentrelaçamento entre o mun<strong>do</strong> público – o cumprimento <strong>de</strong> uma ativida<strong>de</strong>profissional – e o mun<strong>do</strong> priva<strong>do</strong>, uma vez que a tarefa é cumprida noambiente <strong>do</strong>méstico. Esse convívio aporta uma gama <strong>de</strong> contradiçõesgeradas pela relação que se estabelece entre patroas e empregadas. Sãoapontadas as ambigüida<strong>de</strong>s a que estão submetidas as servi<strong>do</strong>ras<strong>do</strong>mésticas, na medida em que elas realizam o serviço <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um espaçopriva<strong>do</strong>, on<strong>de</strong> normas <strong>de</strong> afetivida<strong>de</strong> estão em vigor. Em Muchacha... amaioria das autoras consi<strong>de</strong>ra esse tipo <strong>de</strong> conduta como estan<strong>do</strong> atreladaaos interesses <strong>do</strong>s patrões para manter um relacionamento assistencialistaestrutura<strong>do</strong>r da subjugação <strong>de</strong>ssas trabalha<strong>do</strong>ras. O clientelismo <strong>de</strong>ssas

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