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universidade federal do rio grande do sul instituto de filosofia e ...

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18atingidas por esta <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>. Pensan<strong>do</strong> geralmente em causas exógenase macro-estruturais (hibridismo étnico, capitalismo internacional, globalização),a intelectualida<strong>de</strong> brasileira tem consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> o comportamento <strong>de</strong>stes gruposcomo simples <strong>de</strong>corrência <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> opressão. Ora relegadas a umatradicionalida<strong>de</strong> oriunda <strong>de</strong> um atavismo cultural frente ao <strong>de</strong>senvolvimento,ora justificadas como estratégia <strong>de</strong> sobrevivência ante a opressão econômica,as atitu<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s grupos populares raramente têm si<strong>do</strong> tomadas comoporta<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> uma logicida<strong>de</strong> propositiva. Como resume Claudia Fonsecasobre a trajetória da temática popular na aca<strong>de</strong>mia brasileira:De uma 'massa amorfa', 'anômica'ou simplesmente 'aqueles queservem <strong>de</strong> anti-norma'<strong>do</strong>s anos 60, eles tornaram-se protagonistas<strong>de</strong> 'classes'operárias’ (ou populares) <strong>do</strong>s anos 80, para voltar aostatus <strong>de</strong> 'pobres'nos anos 90. O risco <strong>de</strong>sta nomenclatura é umretorno a uma imagem <strong>de</strong> vazio cultural, <strong>de</strong> uma população vítima -quan<strong>do</strong> não ignorante ou alienada - esperan<strong>do</strong> passivamente que asforças da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> a elevem à condição humana (FONSECA2000, p. 218).Este estu<strong>do</strong> preten<strong>de</strong> contribuir justamente analisan<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>stequadro <strong>de</strong> <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>, qual a perspectiva <strong>de</strong> certos sujeitos <strong>do</strong>s grupossubalternos, qual sua relação com os grupos <strong>do</strong>minantes e qual suasubserviência ou rebeldia ante os fatores <strong>de</strong> <strong>do</strong>minação econômica, política ecultural. Tomamos como objeto empírico as relações entre as empregadas<strong>do</strong>mésticas e seus emprega<strong>do</strong>res no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito Santo, maisprecisamente em Vitória - capital, e em um bairro da periferia <strong>do</strong> município daSerra, Jardim Veneza. A escolha <strong>de</strong>ste objeto resi<strong>de</strong> na constatação expostaacima <strong>de</strong> que as empregadas <strong>do</strong>mésticas compõem um <strong>do</strong>s universosprofissionais on<strong>de</strong> se encontram as mulheres mais pobres, com maior índice<strong>de</strong> analfabetismo e em geral provenientes <strong>de</strong> grupos étnicos marginaliza<strong>do</strong>s<strong>do</strong> país.Uma das tarefas (e dificulda<strong>de</strong>s) que a antropologia tem se coloca<strong>do</strong> éjustamente na <strong>de</strong>terminação das fronteiras culturais, ou seja, na percepção<strong>do</strong>s elementos significativos na constituição <strong>do</strong>s diferentes universossimbólicos nas socieda<strong>de</strong>s complexas. Nas palavras <strong>de</strong> Gilberto Velho:

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