12.07.2015 Views

universidade federal do rio grande do sul instituto de filosofia e ...

universidade federal do rio grande do sul instituto de filosofia e ...

universidade federal do rio grande do sul instituto de filosofia e ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

69mulheres <strong>de</strong> classe média segue uma or<strong>de</strong>nação <strong>do</strong> espaço própria <strong>de</strong>socieda<strong>de</strong>s burocratizadas, on<strong>de</strong> as apreciações estéticas, <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m e <strong>de</strong>limpeza são informadas por uma “administração <strong>do</strong> lar” que <strong>de</strong>seja otimizarespaços e tempos. A casa <strong>de</strong>stas famílias preten<strong>de</strong>-se um reflexo <strong>do</strong> cidadãodisciplina<strong>do</strong>. Numa socieda<strong>de</strong> on<strong>de</strong> mun<strong>do</strong>s sociais hierarquicamentesepara<strong>do</strong>s se tocam diariamente, inclusive pela presença da empregada<strong>do</strong>méstica, a casa burguesa, enquanto espaço “limpo” e “organiza<strong>do</strong>”, é umadistinção em relação ao mun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s pobres.1.4.4 O serviço <strong>do</strong>méstico nas colônias da América <strong>do</strong> SulEnquanto Freire (1983) fitava a evolução <strong>de</strong> representações <strong>de</strong>organização familiar e higiene nas famílias brasileiras abastadas, outroshistoria<strong>do</strong>res, em geral mulheres, tentavam aproveitar fontes minguadas paraestudar o cotidiano das classes subalternas, em particular das empregadas<strong>do</strong>mésticas. Debruçan<strong>do</strong>-se sobre a América Espanhola, Elisabeth Kuznesof(1993), por exemplo, nos oferece em um artigo <strong>de</strong> Muchachas...., umpanorama <strong>de</strong> como o serviço <strong>do</strong>méstico serviu como um crité<strong>rio</strong> <strong>de</strong> inserçãona socieda<strong>de</strong> colonial. Na América colonial, muitos imigrantes eramregistra<strong>do</strong>s como emprega<strong>do</strong>s <strong>do</strong>mésticos e eram preferi<strong>do</strong>s e melhor pagosque servi<strong>do</strong>res indígenas 34 . Também os mestiços, filhos ilegítimos, eramtoma<strong>do</strong>s como cria<strong>do</strong>s <strong>do</strong>mésticos, assim como os órfãos e filhos <strong>de</strong> famíliaspobres que “recibían sostenimiento, educación y afeto, pero se losconsi<strong>de</strong>raba sirvientes” (1993, p. 28).Kuznesof mostra como a organização <strong>do</strong> serviço <strong>do</strong>méstico, através <strong>de</strong>grêmios nas colônias espanholas (on<strong>de</strong> só homens podiam atuar), excluía amulher da vida econômica, restan<strong>do</strong>-lhe apenas ativida<strong>de</strong>s artesanais e o34 Entre 1560 e 1579 las mujeres sumaban 28, 5% <strong>de</strong> los emigrantes europeos al NuevoMun<strong>do</strong>; la maioria <strong>de</strong> ellas, <strong>de</strong>spués <strong>de</strong> 1550, eram solteras y muchas estaban en la lista <strong>de</strong>pasajeros como criadas e sierventas (Kuznesof, 1993, p.35).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!