12.07.2015 Views

universidade federal do rio grande do sul instituto de filosofia e ...

universidade federal do rio grande do sul instituto de filosofia e ...

universidade federal do rio grande do sul instituto de filosofia e ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

206contemporâneos, se encontra principalmente na sua insistência em combaternoções simplistas <strong>de</strong> hegemonia. Como Thompson, Scott afirma que, atrás<strong>do</strong>s comportamentos aparentemente amistosos <strong>do</strong>s plebeus, é possíveladivinhar atitu<strong>de</strong>s críticas, até hostis. Em outras palavras, <strong>de</strong>ferência nãosignifica submissão. A abordagem <strong>de</strong> Scott pressupõe que, "atrás <strong>do</strong>sbasti<strong>do</strong>res", quan<strong>do</strong> subalternos <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> seguir as regras <strong>do</strong> roteiro público,expressam atitu<strong>de</strong>s bem menos reverentes em relação a seus supe<strong>rio</strong>res. Se,na <strong>gran<strong>de</strong></strong> maioria das vezes, os mais fracos não usam o enfrentamento diretoou práticas organizadas <strong>de</strong> reação à <strong>do</strong>minação, não é por concordarempassivamente com o sistema. É, pelo contrá<strong>rio</strong>, justamente porque taisestratégias seriam relativamente ineficazes, senão inúteis ou até suicidas. Amaneira <strong>do</strong>s subalternos agirem sabiamente, minimizan<strong>do</strong> seus prejuízos, éoperan<strong>do</strong> nas brechas, usan<strong>do</strong> astúcia para burlar, antes <strong>do</strong> que <strong>de</strong>rrubar, osistema.Trata-se <strong>de</strong> uma forma <strong>de</strong> participação política que, na maior parte daliteratura, é colocada como oposta à cidadania. Nos últimos anos, porém,alguns antropólogos têm repensa<strong>do</strong> esse tipo <strong>de</strong> dicotomia, propon<strong>do</strong> que, noseu lugar, pensemos na contextualização da própria noção <strong>de</strong> cidadania.Estes pesquisa<strong>do</strong>res têm se <strong>de</strong>dica<strong>do</strong> a refletir sobre setores dasocieda<strong>de</strong> brasileira on<strong>de</strong> valoriza-se relações menos marcadas pelo i<strong>de</strong>á<strong>rio</strong>mo<strong>de</strong>rno, isto é, on<strong>de</strong> o valor básico promulga<strong>do</strong> não é necessariamente o daigualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> direitos. No lugar <strong>de</strong> propor uma integração <strong>do</strong>s subalternos aosmo<strong>de</strong>los <strong>do</strong>minantes, ou tomar essas “resistências” como conserva<strong>do</strong>rismoou ignorância política, eles têm procura<strong>do</strong> reconhecer, no “ponto <strong>de</strong> vistanativo”, críticas a um projeto monolítico <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização política.Segato, (1995), <strong>de</strong>screven<strong>do</strong> as características e ações <strong>do</strong>s Orixás quecompõem o panteon afro-brasileiro, assim como as simpatias <strong>do</strong>s a<strong>de</strong>ptospelos seus <strong>de</strong>uses, indica uma leitura crítica <strong>do</strong>s padrões <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> nossasocieda<strong>de</strong>. Mostra que os a<strong>de</strong>ptos <strong>do</strong> Xangô <strong>do</strong> Recife, elegem como osprediletos <strong>de</strong> sua <strong>de</strong>voção Xangô e Oxum. Ambos Orixás são <strong>do</strong>nos <strong>de</strong>

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!