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universidade federal do rio grande do sul instituto de filosofia e ...

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186<strong>do</strong>mésticos. Especialmente durante <strong>de</strong>terminada fase <strong>de</strong> seu ciclo <strong>de</strong> vida 106 ,quan<strong>do</strong> ainda está crian<strong>do</strong> muitas crianças pequenas, a empregada ten<strong>de</strong> aver sua patroa como uma alternativa importante.Sabemos que, nesta fase da vida, as mulheres <strong>do</strong>s grupos popularesnem sempre conseguem manter a regularida<strong>de</strong> <strong>do</strong> mari<strong>do</strong> prove<strong>do</strong>r em casa(FONSECA, 1995; SARTI, 1989,) e, como <strong>de</strong>monstramos acima, mesmoquan<strong>do</strong> os casamentos são dura<strong>do</strong>uros, o pauperismo a que estãosubmeti<strong>do</strong>s os trabalha<strong>do</strong>res acaba não alivian<strong>do</strong> muito as dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sustento e manutenção. Assim, viven<strong>do</strong> num país em que não se po<strong>de</strong>esperar assistência a<strong>de</strong>quada <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, é a patroa, sobretu<strong>do</strong> em situaçõesmuito extremas, que muitas vezes esten<strong>de</strong> a mão à empregada. O caso <strong>de</strong>Maria – representante sindical das empregadas <strong>do</strong>mésticas <strong>de</strong> Vitória – éexemplar. Quan<strong>do</strong> seu filho foi atropela<strong>do</strong> por um ônibus, o menino tevetraumatismo craniano e não havia possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> tratamento no sistemapúblico <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Maria acionou, naquele momento, seus patrões que, comseu prestígio político, conseguiram que a empresa <strong>de</strong> transporte seresponsabilizasse por to<strong>do</strong> o tratamento hospitalar <strong>do</strong> menino.O suporte que muitas patroas representam na vida <strong>de</strong> suas empregadasacaba geran<strong>do</strong> conseqüências na intimida<strong>de</strong> familiar das últimas. Os mari<strong>do</strong>sdas empregadas, seguidamente, vêem nessas alianças patroa-empregada,mais <strong>do</strong> que ajuda, uma ameaça à sua autorida<strong>de</strong> no lar 107 . É através <strong>de</strong>stasque a empregada consegue prover as necessida<strong>de</strong>s básicas <strong>de</strong> sua família,cumprin<strong>do</strong> o papel <strong>de</strong> prove<strong>do</strong>r e tornan<strong>do</strong>, assim, a presença <strong>de</strong> seu mari<strong>do</strong>quase que supérflua. Quan<strong>do</strong> um filho a<strong>do</strong>ece ou a casa alaga, é com apatroa que a empregada po<strong>de</strong> procurar ajuda, muitas vezes com melhores106 Mace<strong>do</strong> (1979) introduziu este tipo <strong>de</strong> perspectiva no estu<strong>do</strong> da família <strong>de</strong> baixa renda, vertambém Bilac (1978). Para um questionamento meto<strong>do</strong>lógico <strong>do</strong> uso das noções <strong>de</strong> ciclo <strong>de</strong>vida nos estu<strong>do</strong>s da família brasileira, ver Brites(1993).107 Também não é incomum as <strong>do</strong>nas <strong>de</strong> casa <strong>de</strong> classe média escon<strong>de</strong>rem a ajuda queprestam às empregadas <strong>de</strong> seus mari<strong>do</strong>s. Pilar pagou durante meses o tratamento <strong>de</strong> umaex-empregada acometida pela tuberculose, mas seu mari<strong>do</strong> não po<strong>de</strong>ria ser informa<strong>do</strong> sobretais <strong>de</strong>spesas. Para uma leitura feminista sobre dinheiro e as relações homem/mulher, vejaCoria (1992).

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