12.07.2015 Views

universidade federal do rio grande do sul instituto de filosofia e ...

universidade federal do rio grande do sul instituto de filosofia e ...

universidade federal do rio grande do sul instituto de filosofia e ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

199<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter leva<strong>do</strong> o leitor pelos caminhos da pesquisa etnográfica que eutrilhei, seja o lugar apropria<strong>do</strong> para expor as fases da minha trajetóriaintelectual. Já, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início da pesquisa, vi que as críticas usuais dirigidasàs práticas "clientelistas" não esclareciam muito daquilo que queria enten<strong>de</strong>r,mas constituiam-se num ponto <strong>de</strong> partida para a construção <strong>de</strong> meu objeto.Passei também pela noção <strong>de</strong> bilinguismo à la Bakhtin, que parecia darmelhor conta da dinâmica semi-autônoma da cultura popular que eu pretendiaretratar, mas <strong>de</strong> novo, aos poucos, fui fican<strong>do</strong> insatisfeita com o que pareciacada vez mais uma análise que não levava em conta, <strong>de</strong> forma a<strong>de</strong>quada, aquestão da <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> política. Foi passan<strong>do</strong> por essas tentativas e errosque cheguei em teóricos tais como S. Colen, E.P. Thompson e J. Scott. Nesteúltimo capítulo, seria interessante expor o meu percurso, não somente paramelhor respon<strong>de</strong>r às perguntas que me coloquei, mas também para melhor<strong>de</strong>finir por on<strong>de</strong> começar a próxima vez, isto é para traçar pistas para futuraspesquisas.Do clientelismo à reprodução estratificadaUm <strong>do</strong>s traços aponta<strong>do</strong>s como característicos da cultura políticabrasileira, não apenas <strong>do</strong>s grupos populares, tem si<strong>do</strong> – nas análisestradicionais – o clientelismo (NUNES LEAL, 1975; LANNA, 1995). Em umaleitura que não é apenas acadêmica, mas também parte <strong>do</strong> senso comum, oclientelismo é interpreta<strong>do</strong> como a expressão mais acabada <strong>de</strong> uma herançatradicional, quase que fora <strong>de</strong> lugar, não fossem as contradições quepersistem em nosso país, fazen<strong>do</strong> conviver um mun<strong>do</strong> “arcaico” com ummun<strong>do</strong> “mo<strong>de</strong>rno”.Cabe lembrar que o clientelismo é um conceito usa<strong>do</strong> já na socieda<strong>de</strong>romana antiga para <strong>de</strong>screver as relações assimétricas entre patrícios eplebeus, num contexto on<strong>de</strong> a família patriarcal <strong>de</strong>sempenhava funções queultrapassavam as <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Esse conceito foi recupera<strong>do</strong> e tomou força na

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!