Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
que este fruyto daa cad ano, se merece sser bem ortado e bem<br />
rregado e bem favorecido”. (Carta de I de Abril 1512, in Alguns<br />
documentos, p. 242). “Nam creo que na cristimdade avera rey<br />
tam rico como Voss Alteza”. (Id. ib., p. 237). Contudo, as<br />
despesas excediam as rendas, tomava-se emprestado, não havia<br />
nem dinheiro, nem mercadoria, vinha a queixar-se o próprio<br />
Albuquerque, e Dom Manuel morre também endividado. Por<br />
testamento instava ao filho vendesse ou empenhasse, faltando<br />
outros meios, jóias, pratas, móveis, o necessário para resgate do<br />
crédito.<br />
Com Dom João III, desde 1528, pelo menos, Portugal<br />
vende padrões de juros, que são como títulos de empréstimo,<br />
apólices ou obrigações da dívida pública, diríamos hoje, para<br />
pagar, em 30, a Carlos V, o direito — “possível” — às<br />
Molucas; para o dote da infanta D. Isabel, raínha de Espanha;<br />
para acudir aos gastos das armadas e das colônias. Em vinte<br />
anos de reinado, confessa el-Rei: para Espanha, consórcios<br />
dinásticos, 1.400.000 cruzados; para despesas extraordinárias<br />
nas Índias, inclusive Maluco, 1.150.000 cruzados; para África,<br />
Mina e <strong>Brasil</strong>, 560.000 cruzados.<br />
Total: a quebra ou falência inevitável deu-se em 1560,<br />
cessando os credores estrangeiros de ser pagos... Invocou-se,<br />
então, a doutrina da Igreja contra a usura: servia para não pagar<br />
os juros vencidos, porém não impedia os novos empréstimos a<br />
juros, prometidos, e depois condenados. Em 1549 acabara-se<br />
com a feitoria de Flandres, há muito onerosa; em 1570 Dom<br />
Sebastião acaba com o privilégio do comércio das Índias, por<br />
não dar já resultado... O Estado faz contratos, e os contratantes,<br />
estrangeiros ricos, quebram, os Rott, Rovelasco, Welsers,<br />
Höchstellers, Affaitatis...<br />
Dom João III que “viveu sempre em aflições de<br />
dinheiro” (A. Pimenta, D. João III, cit., p. 312), morre na<br />
falência... Dona Catarina continua, na pobreza, como, depois,