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Brasil

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Lisboa(8). A pimenta comprada na Índia a três cruzados o<br />

quintal, chegará no Egito a oitenta, e muito mais em Veneza,<br />

pois vai escasseando tanto, que as expedições tornam vazias,<br />

sem um fardo... Depois de Vasco da Gama custará menos de<br />

trinta cruzados, em Lisboa, e haverá a que se queira...<br />

<br />

Essa pimenta, rainha das especiarias, não é apenas um<br />

tempero, mas um símbolo: são as Navegações, as Índias,<br />

Portugal que abandona a Europa atrás dela(9), e encontra o<br />

mundo em caminho... É o que diz o Soldado Prático Português,<br />

de um competente contemporâneo, Diogo do Couto: “o<br />

descobrimento da Índia todo foi fundado sobre a pimenta” (Cap.<br />

XXIII, p. 97), “a cousa da Índia em que mais se põe os olhos”<br />

(Cap. XVIII, p. 77). Por isso o pio Gaspar Corrêa diz dela, com<br />

propriedade, “lume dos olhos de Portugal” (Lendas da Índia, t.<br />

II, L. II, Cap. I, p. 7) e o que é mais, atribui o pensamento a<br />

el-Rei e a Afonso de Albuquerque. Todo o reino, do rei ao<br />

menor súdito, sonha com a pimenta ou a riqueza. Único ou<br />

“todo” será exagero: negá-lo, seria esconder a evidência.<br />

A “Casa da Guiné” fora em Lagos; a “Casa da Guiné e<br />

da Mina” já era em Lisboa; a “Casa da Índia” vai suceder às<br />

precursoras, e é principalmente a pimenta sucedendo aos<br />

escravos, ao ouro, às peles, à malagueta, à pimenta africana. A<br />

Casa da Índia não era apenas um entreposto, um armazém, era<br />

um ministério, vários ministérios. A princípio nobres e<br />

comerciantes e a tripulação dos navios eram sócios, depois o<br />

Estado, na regra, chamou tudo a si. Os feitores ou feitorias no<br />

Oriente compravam a especiaria, com dinheiro e mercadoria<br />

que iam do reino, armazenavam-na e, nas armadas,<br />

despachavam a mercância, em fardos do peso de quatro<br />

quintais, além das “quintaladas” da tripulação. Em Lisboa<br />

descarregava na Casa da Índia, armazém, alfândega e bolsa que<br />

negociava por conta própria e dos sócios da empresa, o Estado

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