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pensaram nisso. (Southey, Hist. of Brazil, cit. 3, 131). Apesar da<br />
perda de três navios carregados de opimos despojos e dinheiro,<br />
a empresa produziu 25 a 30 milhões de cruzados: tiveram os<br />
sócios um lucro de 92 por cento. Por ironia, o pirata francês<br />
elogia o governador: encarecia sua proeza. Tem sua estátua no<br />
Castelo de Versalhes, logo à entrada. A França vingara, de uma<br />
vez, todas as mal sucedidas empresas anteriores. Castro Morais<br />
teve os bens confiscados e desterro para a Índia. O povo deu-lhe<br />
o apelido de “Vaca”.<br />
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De 1711 é este livro, inventário documentado do país no<br />
começo do século XVIII. Escreveu-o o Padre Jesuíta João<br />
Antônio Andreoni, identificado, por Capistrano de Abreu, como<br />
André João Antonil, que o subscreve, usando de criptograma, só<br />
esclarecido em 1886. Impresso com todas as licenças do tempo,<br />
chegando o revisor do Santo Ofício a escrever que se poderá<br />
estampá-lo com letras de ouro, foi tão bem seqüestrado e<br />
supresso, que caiu sobre ele o silêncio, e só ressurgiu, pelos<br />
raríssimos exemplares escapados, mais de século depois. É que<br />
o livro é repositório de informações sobre o <strong>Brasil</strong>, a causar<br />
cobiça e fazer iniciativas malfazejas... Antonil descreve por<br />
miúdo a lavoura da cana e a indústria do açúcar... “Do que<br />
padece o açúcar desde o seu nascimento na cana, até sair do<br />
<strong>Brasil</strong>!” E vêm as mais pertinentes informações sobre o senhor<br />
de engenho, a escravatura, os feitores, o produto obtido, seu<br />
trato, acondicionamento, tipos, o que custa e o que produz.<br />
Havia então, em Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro 528<br />
engenhos que produziam 37.020 caixas de 35 arrobas cada uma<br />
(mais de meia tonelada). Mas não fica aí. Antonil trata de<br />
minerações, cujo defeito reconhece, (são “as melhores minas do<br />
<strong>Brasil</strong> os canaviais e malhadas em que se planta o tabaco”); o<br />
quinto, que justifica, história das entradas e bandeiras, o modo<br />
de tirar o ouro e a prata, não esquecendo a moral, “os danos que