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sem um minuto de trégua, e em prol da terra que ajudaram a<br />
fazer moralmente, pelos três princípios que estabeleceram: boa<br />
imigração européia, liberdade dos naturais, identidade moral de<br />
todos.<br />
O Padre Manuel da Nóbrega, o maior deles, e o chefe da<br />
primeira hora, dirá: “esta terra é nossa empresa” (Cartas, p. 82).<br />
Os reinóis viviam em pecado mortal: “o costume da terra é<br />
terem muitas mulheres” (p. 79); “mal empregada esta terra em<br />
degredados que cá fazem muito mal” (p. 85). “Parece-me coisa<br />
mui conveniente mandar S. A. algumas mulheres que lá têm<br />
pouco remédio de casamento a estas partes, ainda que fossem<br />
erradas, porque casarão todas muito bem” (p. 80). “Cá há<br />
clérigos, mas é a escória que de lá vem”. “Dos sacerdotes ouço<br />
cousas feas” (p. 75). “Os clérigos desta terra têm mais ofícios<br />
de demônios que de clérigos... Querem-nos mal porque lhes<br />
somos contrários a seus maus costumes” (p. 116). “De quantos<br />
lá vieram nenhum tem amor a esta terra, todos querem fazer em<br />
seu proveito, ainda que seja à custa da terra, porque esperam de<br />
se ir” (p. 131).<br />
Os Índios eram boçais, preguiçosos, indomáveis,<br />
resistentes à servilidade e ao trabalho regular, intemperantes,<br />
viciosos, antropófagos, mas eram “papel branco para neles<br />
escrever à vontade” (p. 125). Havia mister educá-los e<br />
defendê-los para que se educassem. Os Brancos preavam-nos,<br />
ferravam as “peças”, vendiam-nos, usando e abusando deles,<br />
como se fossem animais. Para os proteger, chegavam os Padres<br />
a fechar os olhos à escravidão negra. Obedeciam a breve de<br />
Paulo III, de 1537, que declarava os Índios “entes humanos<br />
como os demais homens não podiam ser reduzidos ao cativeiro<br />
(ao Cardeal Arcebispo de Toledo, em 28 de maio). Urbano VIII<br />
faz a doutrina extensiva ao <strong>Brasil</strong>. Mas, ainda assim, entrariam<br />
em constante conflito com os reinóis predadores até a expulsão<br />
dos Jesuítas de S. Paulo em 1640 e de Vieira e Companheiros,<br />
no Maranhão, em 1661. Finalmente a extinção da Companhia,