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vice-almirante, saiu de Holanda em fins de Dezembro e começo<br />
de Janeiro seguinte, reuniu, em Março de 24, em Cabo Verde,<br />
rumando direta à Bahia. A colônia fora prevenida e preparou-se,<br />
como pôde, até com defensores descalços (sem uniforme nem<br />
sapatos) e esperou a sua sorte. A 8 de Maio apresenta-se a frota<br />
inimiga defronte do porto, a 9 entra e começa o fogo. Mas a luta<br />
era desigual: pouca e má artilharia tínhamos nós, e pouco mais<br />
de mil e cem homens, dos quais apenas oitenta eram soldados<br />
de tropas regulares. Era a cidade de então formada por mil e<br />
quatrocentas casas, duas igrejas, três conventos e três fortalezas,<br />
Santo Antônio, S. Filipe e Itapagipe. O forte de S. Marcelo era<br />
um ilhéu armado com uma bateria. A peleja durou todo o dia,<br />
com grande confusão e desânimo progressivo, buscando os<br />
inimigos o desembarque e sítio das fortalezas. À noite, veio a<br />
calma. E, com o silêncio e as trevas, o pânico. O Padre Antônio<br />
Vieira, então incipiente irmão jesuíta, descreve como<br />
testemunha presencial: “Era já nesse tempo alta noite quando,<br />
de improviso se ouviu por toda a cidade (sem se saber donde<br />
teve princípio) uma voz: já entraram os inimigos, já entraram,<br />
os inimigos já entram; e, como no meio deste sobressalto<br />
viessem outros dizendo que já vinha por tal e tal porta e acaso<br />
pela mesma se recolhesse neste tempo uma bandeira nossa com<br />
mechas caladas, como o medo é mui crédulo, verificou-se esta<br />
temeridade; e assim pelejando a noite pela parte contrária,<br />
ninguém se conhecia, fugiam uns dos outros, e quantos cada um<br />
via tantos holandeses se lhe representavam.” (Carta anua ao<br />
Geral da C. de Jesus, in Cartas do Padre Antônio Vieira, ed. de<br />
J. Lúcio de Azevedo, Coimbra, 1925, t. I, pág. 17). Começou a<br />
fuga e a debandada. O governador Diogo de Mendonça<br />
mantém-se no seu posto, quer atear fogo a um barril de pólvora,<br />
quando o inimigo penetra em palácio, e impedido, investe-o à<br />
espada, sendo preso, e ficando prisioneiro.<br />
Não soubera defender, o governo de Filipe III, a capital<br />
da sua colônia, mas providenciou, ferido o orgulho, para a<br />
restauração. As armadas de Portugal e Castela deviam,