31.08.2016 Views

Brasil

brasilll

brasilll

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

de mil pessoas dentro em si, homs, molheres, mininos, livres,<br />

escravos, nobres, povo, mercadores, soldados, gente do mar...<br />

A viagem, quando muyto boa, nem pede menos de cinco meses:<br />

em os quais nam ha necessidade nem trabalho, nem perigo, que<br />

se nam corra, & padeça; na desigualdade dos tempos, nas<br />

calmarias de Guiné, nas tormentas do Cabo, na corrupçam dos<br />

mantimentos na linha, no aperto contino dos gasalhados, nas<br />

postemas, nas febres, nas modorras, na perpetua sombra e<br />

presença da mesma morte”. (História da Vida do B. Francisco<br />

de Xavier, 1600, 1. I, c. XI, p. 41-2). Só o que custava em<br />

dinheiro, — uma tal nau andava por 20 mil cruzados ou 4 mil<br />

contos nossos! Muitas não agüentavam duas viagens inteiras;<br />

dez era vantagem. Estas naus carregavam mercância de 50 mil<br />

cruzados ou 10 mil contos atuais. E como se perdiam naus<br />

carregadas ou imprestáveis! Figueiredo Falcão (Livro... da<br />

fazenda e real patrimônio... de Portugal, Lisboa, 1859, p. 194 e<br />

seg.) diz que, de 1497 a 1612, foram do reino às Índias 806<br />

embarcações: volveram 425; arribaram 10, perderam-se 66,<br />

tomadas por inimigos 4, queimaram-se 6, ficaram na Índia<br />

285(4). O Estado admitia particulares nas Armadas, que<br />

negociavam por conta própria, apenas em Lisboa sob a<br />

intervenção da Casa da Índia. Por isso tudo, disse Diogo do<br />

Couto: “escassamente podia armar quatro naus para a carreira<br />

de Índia” (Décadas, IV, 1. IX, cap. VIII).<br />

O dinheiro era também escasso, como a gente. A<br />

monarquia sob os de Aviz era de príncipes endividados, desde<br />

Dom João I: quando vieram os descobrimentos para obter os<br />

resgates era preciso mercadoria e, para esta, dinheiro. O que se<br />

apurava era pouco e ia-se ao estrangeiro para compras<br />

indispensáveis. Das coisas necessárias para a Índia, dizia o<br />

Soldado Prático, “o principal he levar dinheiro e tres vezes,<br />

dinheiro”, (cap. VII, p. 34) e entretanto Afonso de Albuquerque<br />

escrevia a Dom Manuel: “he necessario que o trato comercial<br />

de cá se comece com cabedal e mercadorias de lá e eu não vejo<br />

as mercadorias; as feitorias estão varridas... Vossa Alteza não

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!