You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
MDXII — cujo original possui o nosso Ministério do Exterior,<br />
na Biblioteca do Itamarati, onde se lê pela primeira vez, em<br />
planta: “<strong>Brasil</strong>”. Um ano depois, e é interessantíssimo, é o<br />
próprio Dom Manuel que mudara Vera Cruz em Santa Cruz,<br />
segundo disse aos reis de Castela Fernando e Isabel e agora a<br />
um deles o diz, em 13 de Setembro de 1513: “na teerra... que he<br />
pegada com a nossa teerra do Brasyl” (Carta a el-Rei D.<br />
Fernando, de Castela, in Alguns documentos, p. 292).<br />
Mas é sempre “terra do <strong>Brasil</strong>”, como se dissesse, por<br />
abreviação, “terra do (pau) brasil”: o documento escrito em que<br />
primeiro aparece <strong>Brasil</strong> só, como no mapa de Marini é o de<br />
Dom Rodrigo de Acuña, de 15 de Junho de 27, ao bispo de<br />
Osma, dando conta da perda da armada que mandara Carlos V<br />
às Molucas e pedindo interceda junto de D. João III para lhe<br />
obter a liberdade, preso que está na feitoria de Pernambuco (nos<br />
baixios de D. Rodrigo, onde naufragara, e naufraga, mais tarde,<br />
o primeiro Bispo, comido pelos índios). Diz ele: “nos convino<br />
arrybar al Brrasil”; (nesta carta há ainda “tyerra dei Brrasil” e<br />
“nao cargada de brrazil” (Alguns documentos... do Tombo, cit.<br />
p. 488-9).<br />
O nome <strong>Brasil</strong> vem de longe. Disse Humboldt, vem de<br />
Samatra, e levou quatro mil anos para nos chegar... É o nome de<br />
uma madeira tintorial, a Cesalpina ecchinata, especiaria trazida<br />
do Oriente à Europa, nome variamente escrito — braxile,<br />
bresillum, brisilium, bersi, verzi, verzino, como recentemente,<br />
há cinco séculos, o chamavam os Venezianos. Já dele falam o<br />
geógrafo árabe Abuzeid El Hacen (IX século), Endrisi e<br />
Chrestien de Troyes no século XII: este escreve mesmo Braisil,<br />
que dá, em francês, a pronúncia do nome atual nesse idioma.<br />
Teria vindo à Europa depois dos primeiros Cruzados, por volta<br />
de 1140. Tirava-se, do toro, a casca e o líber, e apenas o cerne<br />
vermelho servia para tingir panos e fazer tinta, para iluminar<br />
manuscritos, dando tons róseos às miniaturas. A madeira, dura e<br />
corada, também aproveitava à marcenaria.