Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
22. O povo acorrera à Câmara Municipal. Dom Pedro ponderou<br />
e concluiu: “Como é para bem de todos e felicidade geral da<br />
nação, diga ao povo que fico”. (Armitage, op., cit., p. 44).<br />
A representação de São Paulo é de 24 de Dezembro; a<br />
do Rio de 29; o “fico”, apenas solenidade pública de resposta,<br />
foi a 9 de Janeiro de 22. Mas, já a 2 de Janeiro, escrevia o<br />
Príncipe ao Pai: “Ontem, pelas 8 horas da noite, chegou de São<br />
Paulo um próprio, com ordem de me entregar em mão própria o<br />
ofício que ora remeto incluso, para que V. M. conheça e faça<br />
conhecer ao Soberano Congresso quais são as firmes tenções<br />
dos Paulistas, e por elas conhecer quais são as gerais do <strong>Brasil</strong>.<br />
Ouço dizer que as representações desta Província (Rio de<br />
Janeiro) serão feitas no dia 9 do corrente; dizem mais que São<br />
Paulo escreveu para Minas: daqui sei que há quem tem escrito<br />
para todas as Províncias, e dizem que tudo se há-de fazer<br />
debaixo de ordem”. Em carta, datada de 9, o Príncipe conta que<br />
às 10 horas da manhã as Câmaras reunidas, nova e velha, lhe<br />
pediram audiência e as ouviu: “Veio o Senado (da Câmara)...,<br />
fez uma fala muito respeitosa... e em suma era, que logo<br />
desamparasse o <strong>Brasil</strong>, ele se tornaria independente: e ficando<br />
eu, ele persistiria unido a Portugal. Eu respondi o seguinte:<br />
“Como é para bem de todos e felicidade geral da Nação, estou<br />
pronto: diga ao Povo que fico”.<br />
Nomeou Dom Pedro a José Bonifácio ministro dos<br />
Negócios do Reino e Estrangeiros. “O seu grande saber, o seu<br />
gênio intrépido, o seu carácter pertinaz, que quase chegava a<br />
raiar em defeito, contribuíram a fixar a volubilidade do<br />
príncipe. E o conhecimento especial, que a estadia de tantos<br />
anos em Portugal lhe dera desse País, dos seus recursos, do forte<br />
e fraco dos seus habitantes e especialmente dos que dirigiram a<br />
política de 1821 e 1822, a este respeito pricipalmente, nenhum<br />
outro brasileiro de então lhe levava a palma” (Varnhagen —<br />
Hist. da Independência, “Rev. do Inst. Hist.”, 1. LXXIX, 1917,<br />
p. 139). Os atos do ministro seguiram a direção dos do patriota: