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desembargador da Bahia, o poeta Tomás Antônio Gonzaga,<br />
assentira e preparava as leis da futura república, para a qual<br />
Tiradentes tinha já pensado em bandeira, um gênio a quebrar<br />
grilhões, com dístico vergiliano Libertas quae soera tamen, a<br />
liberdade ainda mesmo tardia. A revolta, que irromperia por<br />
ocasião da cobrança dos quintos atrasados de ouro, além de<br />
propalada, como é a sorte das conjurações no <strong>Brasil</strong>, e em que<br />
por isso mesmo não crêem os governos, teve delatores, Joaquim<br />
Silvério dos Reis, Basílio de Brito Malheiro e Inácio Corrêa<br />
Pamplona, portugueses lealistas que de tudo informaram o<br />
Visconde de Barbacena, Luiz Antônio Furtado de Mendonça<br />
(1789-1797), governador de Minas. Não se dirá o mesmo<br />
Francisco de Paula Freire de Andrade, Francisco Antônio de<br />
Oliveira Lopes e Domingos de Abreu Vieira, conjurados e,<br />
entretanto, denunciantes.<br />
Foi suspensa a ordem de cobrança e foram encarcerados<br />
os conspiradores. No Rio foi preso o Tiradentes. Todos<br />
submetidos a processo, foram condenados a desterro (Cláudio<br />
Manuel da Costa suicidara-se na prisão em Vila Rica) em<br />
África, e o Tiradentes à forca e ao esquartejamento. Antes, para<br />
exemplo, porque por quatro anos se arrastou o processo, sem<br />
nenhuma veemência, a criar mártires e heróis. Capistrano de<br />
Abreu reagiu contra a necessidade “republicana” de mitos<br />
heróicos e escreve uma história do <strong>Brasil</strong> “Capítulos de<br />
História Colonial”, em que omite o alferes Xavier e a<br />
Inconfidência Mineira(4). A 21 de Abril de 1789 foi supliciado,<br />
no Rio, o Tiradentes, pela forca, depois feito em pedaços que<br />
foram espalhados pelos caminhos de Minas Gerais, “para<br />
terrível escarmento dos povos”. Se imprudente na conspiração,<br />
procedeu, na prisão, no processo, no martírio, com grande e<br />
heróica dignidade. Os outros faleceram no degredo, exceto José<br />
de Rezende da Costa Filho, que chegou a empregado do<br />
Tesouro Régio em Lisboa, em 1803, deputado às Cortes, e, mais<br />
tarde, à Constituinte do <strong>Brasil</strong> (1822). Dos eclesiásticos metidos<br />
em fortaleza, depois em convento, só dois tornaram ao <strong>Brasil</strong>.