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Brasil

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consciência individual condescendeu. Salvava-se a alma, aos<br />

negros escravos... Como na antigüidade, a escravidão<br />

continuava, e lícita, portanto. Portugal e D. Henrique<br />

pactuaram: já não recusa os seus 45, vintena dos que trouxe<br />

Lançarote de Lagos... O Infante chegou a negociante de<br />

escravos, como seu sobrinho Afonso V.<br />

À América vieram os negros, desde 1501, à reclamação<br />

de Nicolau Ovando, de Hispaníola. Las Casas que defende o<br />

índio, esse mesmo, aconselha a escravidão negra. Os nossos<br />

Jesuítas fecham os olhos à escravidão africana, apenas<br />

defendendo dela os americanos. Supõe-se que são de 35 os<br />

primeiros, introduzidos em São Vicente: a permissão, contudo,<br />

à importação, é de 1549. Angola torna-se mercado fornecedor e,<br />

de tais interesses, dirá Vieira: “sem negros não há Pernambuco<br />

e sem Angola não há negros.” (Cartas, ed. J. Lúcio de Azevedo,<br />

t. I, 243). Com efeito, assim o entendem também os flamengos,<br />

que, tomando Pernambuco, vão logo tomar Angola. E quando<br />

os nossos retomaram Pernambuco, do Rio já tinham ido retomar<br />

Angola. E quando vimos à Independência, Angola quis vir<br />

conosco. Contudo a Bahia preferia os negros da Mina,<br />

Sudaneses, mais fortes, robustos, ativos, aceados e belos do que<br />

os Bantus angoleses, menos rebeldes e mais dóceis à servidão,<br />

revendidos para o norte (Pernambuco, Maranhão, Pará) e para o<br />

sul (Rio, São Paulo). Esta preferência baiana é documentada por<br />

Silva Corrêa, na História de Angola e pelos nossos Nina<br />

Rodrigues e Wanderley Pinho. Talvez, daí, a beleza das negras<br />

baianas a ponto de, no Sul, chamar-se a uma bonita negra uma<br />

“Baiana”. Os mestiços delas derivados são tão formosos que<br />

Spix e Martius dizem ter ouvido trova popular que isso<br />

denuncia: “uma mulata bonita, não precisa mais rezar, abasta os<br />

mimos que tem, para sua alma se salvar”.<br />

A escravidão seria um rio negro, de África ao <strong>Brasil</strong>, por<br />

mais de três séculos. Calcula Simonsen (op. cit., t. I, p. 205) que<br />

muito se exagerou a importação deles em número, e que apenas

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