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dinheiro e trarão mercadoria que farte. Vasco da Gama e Pedro<br />
Álvares levavam intuitos pacíficos e muita recomendação para<br />
isso(18). Foram interesses opostos, de Venezianos, de<br />
traficantes orientais na frente deles, que deram ocasião às<br />
insídias, represálias, desatinos, de parte a parte, que se<br />
descrevem nos Lusíadas e nas Crônicas. Isto é que dá lugar a<br />
que os Portugueses, com os Dom Francisco de Almeida, Duarte<br />
Pacheco Pereira, principalmente Afonso de Albuquerque...<br />
fundem, sobre a violência e a força militar, o Império português<br />
do Oriente, consoante o que disse o Épico: “Quem não quer<br />
comércio busca a guerra”. (Lus., VIII, XCII). Entenda-se, não o<br />
querem com os Portugueses, porque o têm tratado com os<br />
Venezianos: ainda hoje é a competição do interesse que decide,<br />
por fim, a guerreira; o imperialismo militar é o nome<br />
“patriótico” da irredutível economia... A mercadoria indiana —<br />
canela, pimenta, cravo, gengibre, noz moscada, sândalo,<br />
benjoim, cânfora, perfumes, porcelanas, pedrarias, sedas — ia a<br />
Meca, ao Cairo e daí ao Mediterrâneo. Foi isto que os<br />
Portugueses impediram, pelo prestígio da força, baldados os<br />
meios pacíficos.<br />
A fé e a ciência(19) andaram e serviram ao propósito<br />
das Navegações, mas o fito delas foi a Índia. Dom Manuel,<br />
rematando cronistas e historiadores, resume: “entençom e<br />
desejo... de se aver de descobrir e achar a Ymdya” (Alguns<br />
documentos. .. da Torre do Tombo, p. 127-8). Por quê? Por<br />
suprir o Mediterrâneo, então vedado, ou difícil, e, por isso,<br />
caríssimo. Para quê? Para obter as especiarias, mais<br />
vantajosamente, por outro caminho(20). O privilégio muda de<br />
posse: eram Venezianos, são agora Portugueses; era Veneza o<br />
empório do Oriente, passa a ser Lisboa... É o que diz esse<br />
mesmo Dom Manuel, intérprete fidedigno de Portugal, no título<br />
pomposo que vem a tomar: “Senhor da Conquista, Navegação e<br />
Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia”(21). E ninguém<br />
toma títulos senão os que enobrecem: “titulos muyto famosos”,<br />
disse Castanheda (Dp. cit. 1. I, Cap. XXIX, p. 71); “tam