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tudo o que os embaixadores fazem... senão pera que era falar<br />
em ratificações’?” (Correspondência diplomática de Francisco<br />
de Sousa Coutinho, durante a sua embaixada em Holanda,<br />
publicada por Edgar Prestage e Pedro de Azevedo, 2 vols.<br />
Coimbra, 1926, t. II, p. 192).<br />
Tudo isto para dar a Pernambuco tempo de libertar-se e<br />
não dar à Holanda pretexto de unir-se à Espanha, contra<br />
Portugal, que mal podia com um, quanto mais dois inimigos.<br />
Por fim, a esquadra flamenga do almirante With segue, mas<br />
antes já seguiu a portuguesa, de Francisco de Figueirôa. Sousa<br />
Coutinho ganhara com a contemporização (aqui bem cabe o<br />
termo de gíria “tapeação”) ter detido “aquele mar tempestuoso”,<br />
diz, em estilo nobre, de 8 de julho a 12 de dezembro de 47. (Id.<br />
p. 266).(5)<br />
A moral pode falar em duplicidade e no escrúpulo de<br />
corromper por compra: não é isso só política, é do tempo, e de<br />
todos os tempos... e, depois, há um matiz que faz distinção entre<br />
Sousa Coutinho que pretendeu ou comprou, e Nassau que foi<br />
tentado, ou mesmo comprado. Só a correspondência do<br />
embaixador, hoje publicada, permite compreender essas<br />
negociações, para as quais, na mesma ordem de idéias, em<br />
Lisboa, se invocava a coragem alarmada do Padre Vieira, para<br />
um “Papel-forte”, em Outubro ou Novembro de 48, contudo<br />
“sem lábia”, para não fazer, certamente desconfiar(6). Este<br />
papel, submetido aos conselheiros del-Rei, foi geralmente<br />
repelido, e, totalmente, pela opinião pública.<br />
Entretanto, os Espanhóis, tratando com os Flamengos<br />
em Munster, em 48, garantiam-lhes “todos os lugares do <strong>Brasil</strong><br />
tomados aos Estados Gerais pelos Portugueses, desde 1641”.<br />
É nesta situação de expoliado por Espanha,<br />
sistematicamente empobrecido de gente, dos melhores oficiais e<br />
tropas, que ela fazia gastar na Catalunha e Flandres, e de bens,<br />
levados a Castela, que Portugal, o invasor ainda no solo, e