REGA – Vol. 1, no. 1, p. 21-35, jan./jun. 200422rantes.” (MCT, 2000). O primeiro Fundo criadofoi o de Petróleo, seguido por vários outros fundos,que atualmente totalizam 14.O Fundo de Recursos Hídricos (CTHidro)foi criado por Lei 9993 de 24 de julho de 2000(Brasil, 2000) e regulamentado pelo decreton. 3874 de 19 de julho de 2001 (Brasil, 2001a).Os objetivos do Fundo foram estabelecidos nareferida lei e são os seguintes: “financiamentode projetos científicos e de desenvolvimento tecnológico,destinados a aperfeiçoar os diversos usos daágua, de modo a garantir à atual e às futuras geraçõesalto padrão de qualidade, utilização racional eintegrada com vistas ao desenvolvimento sustentávele à prevenção e defesa contra fenômenos hidrológicoscríticos ou devido ao uso inadequado de recursosnaturais.”Os recursos são obtidos à partir da compensaçãofinanceira da Usinas Hidrelétricas, quedestina 6% do valor da energia na Usina paracompensar municípios, Estados e União pelainundação de terras produtivas. Do total cobrado,4% são destinados para C & T e funcionamentodo Fundo de Pesquisa. Este valor representada ordem de US $ 10 milhões por ano.O CTHidro é administrado por um comitêgestor presidido pelo MCT - Ministério de Ciênciae Tecnologia (Brasil, 2001b) e formadopor representantes das entidades de fomentoa pesquisa: CNPq Conselho Nacional de DesenvolvimentoCientífico e Tecnológico e FI-NEP Financiadora de Estudos e Projetos; Ministériose Agências de Governo: Ministério deMeio Ambiente, representado pela Secretariade Recursos Hídricos, Ministério de Energia eANA Agência Nacional de Águas; um representanteda comunidade científica e outro da<strong>sem</strong>presas. Inicialmente até abril de 2003 oCTHidro tinha um secretário técnico e outroadjunto (autores do artigo) e atualmente umgrupo de técnico de apoio com representantesdas entidades de C & T. O primeiro comitêgestor foi indicado em 30 de agosto de 2001.Em janeiro de 2001 iniciaram as discussõespara preparação das bases do CTHidro que sãoo documento de diretrizes estratégicas e o PlanoPluri-anual de Aplicação PPA (MCT,2001).Neste artigo são apresentados: os elementosbásicos que levaram a construção das diretrizesestratégicas, aprimorados pela discussão emvários workshops com a comunidade científicano período de fevereiro a setembro de 2001;os mecanismos utilizados e as prioridades desenvolvida<strong>sem</strong> programas e prospecções e umresumo dos investimentos realizados.SÍNTESE EVOLUTIVADOS RECURSOS HÍDRICOSHistórico e tendênciaO século vinte foi palco de importantestransformações nos processos adotados pelasociedade para aproveitamento dos recursoshídricos. De um uso local e incipiente no iníciodo século, passou-se a um uso intenso esetorial, até se buscar, ao final do século XX,implementar o conceito de uso múltiplo, integradoe sustentável da água.Logo após a 2 a Guerra Mundial, houve umperíodo de grandes investimentos em infraestrutura,visando recuperar os países que sofreramcom o conflito, seguido por um períodode crescimento econômico e populacionalsignificativo. Esse período foi caracterizado porforte industrialização e crescimento das áreasurbanas, o que levou ao início da crise ambientaldo final de século XX, como resultadoda degradação das condições de vida da populaçãoe dos sistemas naturais. No início dadécada de 70 iniciou a mobilização social paracontrole desses impactos através das primeiraslegislações ambientais em países desenvolvidos.Foi uma década de maciços investimentos notratamento de esgoto das cidades e das indústriasnos referidos países. Nos anos 80, o mundodeparou-se com um grande divisor na percepçãodos limites dos impactos ambientais,que foi o acidente da Usina Nuclear de Chernobyl,na antiga União Soviética. No meio científico,já se sabia da interação global de diversosefeitos da poluição. No entanto, pelaprimeira vez, a opinião pública confrontava-secom uma situação em que o ambiente de cadacidadão não era delimitado pelas fronteiras desua região, mas que havia uma fortíssima interaçãoambiental global. Observou-se, também,o início de grande pressão sobre os investimentosinternacionais em hidrelétricas em áreascomo a Amazônia, região identificada pelo seupapel de destaque no processo de equilíbrioclimático. No Brasil, pelas pressões externas,
Tucci, C. E. M.; Cordeiro, O. M.Diretrizes estratégicas para ciência e tecnologia em recursos hídricos no Brasilforam eliminados os empréstimos internacionaispara construção de hidrelétricas, comgrande impacto na capacidade de expansão dosistema elétrico no Brasil. Nessa década, também,foi aprovada a legislação ambiental brasileira.Os anos 90 foram marcados pela idéiado desenvolvimento sustentável, fruto do equilíbrioentre o investimento no crescimento dospaíses e a conservação ambiental. Tornou-seclara a necessidade do aproveitamento dosrecursos hídricos ocorrer de forma integrada,com múltiplos usos. No que se refere à poluiçãodas águas, iniciou-se, nos países desenvolvidos,o controle da poluição difusa de origemurbana e agrícola. Os empréstimos de organismosinternacionais no Brasil que, no passado,privilegiavam, principalmente, o setor energético,mudaram para a melhoria sanitária eambiental das cidades, iniciando-se com asgrandes metrópoles brasileiras. Esse períodofoi marcado no Brasil pela aprovação da legislaçãonacional de recursos hídricos em 1997,pela implantação do sistema nacional de gerenciamentode recursos hídricos, o mesmotendo ocorrido em vários Estados brasileirosao longo da década.O início deste novo século (e milênio) temse caracterizado internacionalmente, pela buscade uma maior eficiência e conservação nouso dos recursos hídricos, tendo como base osprincípios básicos aprovados na Rio 92. No Brasilo processo institucional tem avançado com acriação da Agência Nacional de Águas, inícioda cobrança pelo uso da água e pela poluiçãogerada. Esse cenário se mostra promissor, umavez que preconiza a participação de diferentesatores sociais no processo decisório do uso dosrecursos hídricos e sua conservação.Ciência e TecnologiaAté a década de 70 do século vinte, os aspectostécnico–científicos de recursos hídricoseram respondidos, isoladamente, por engenheiroscivis, quando se tratava de construiruma barragem, um canal, a drenagem de umabacia; por engenheiros sanitários e civis quandose tratava de um sistema de água e esgoto;por químicos e biólogos, no caso do desenvolvimentode processos de tratamento de água eesgoto; por agrônomos, quando se tratava deirrigação ou programas de conservação dosolo; por geólogos quando se tratava de obterágua subterrânea; por meteorologistas paraprever as condições de tempo e clima, etc.Definiam-se, assim, sistemas de intervençãolimitados pelo espaço e pelas áreas do conhecimentoe por objetivos específicos. O desenvolvimentoem C&T era ditado, até então, tantopor uma visão setorial de aproveitamentoda água quanto por uma ótica de controle dapoluição e de proteção ambiental. Devido àevolução no desenvolvimento industrial e urbano,assim como na exploração dos recursosnaturais, ficou evidente que o ambiente, oraem desequilíbrio, necessitava de uma avaliaçãomais precisa e integral dos processos eimpactos, buscando-se evitar prejuízos quecomprometes<strong>sem</strong> a sustentabilidade da própriasociedade.Até os anos 70, os resultados da ação do homemsobre o meio ambiente eram vistos sob aótica estrita da escala local, isto é, de uma cidade,de um trecho de rio ou de uma área irrigada.Atualmente, os problemas devem ser vistosna escala da bacia hidrográfica. Alguns problemasexpandem-se até a escala do país e do globoterrestre, em decorrência dos potenciais efeitosna modificação tanto do uso do solo e quantodo clima, e de sua variabilidade. A complexidadedo gerenciamento dos sistemas hídricoscresce devido à diminuição da disponibilidadedos recursos hídricos e ao aumento da deterioraçãoda qualidade da água nos diferentes sistemashídricos (rios, lagos, açudes, represas, aqüíferos,estuários e águas costeiras) com maiorocorrência de conflitos no aproveitamento daágua. Além disso, há o aumento do interessepúblico no impacto dos aproveitamentos hídricossobre o meio ambiente. O planejamento daocupação da bacia hidrográfica é uma necessidadeem uma sociedade com usos crescentesda água, e que tende a ocupar a bacia de formadesordenada, inclusive avançando sobre as áreasde inundação, danificando ainda mais o seumeio ambiente.O desenvolvimento em C&T incorpora, assim,preocupações de natureza multi-setorialno uso de água e de busca de soluções sustentáveis.A necessidade da integração é, portanto,um fato. No entanto, a formação técnica eprofissional em Recursos Hídricos ocorre, quaseque exclusivamente, por meio de progra-23
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