Tudo isso junto de uma vez só: - teses.musicodobra...
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Brasil universo, Hermeto gravou o choro “Salve Copinha” (faixa 6, CD em anexo), em<br />
homenagem ao maestro. Esse é um dos choros <strong>de</strong> Hermeto que mais segue a forma<br />
tradicional, pois apresenta três partes distintas: divi<strong>de</strong>-se em introdução, partes A, B e C,<br />
volta para o A e termina com <strong>uma</strong> coda. Ao final da parte B, Hermeto muda a divisão<br />
rítmica, inserindo quiálteras na melodia, recurso que ele utiliza em muitos choros, para<br />
fazer a transição entre as partes.<br />
Radamés Gnattali também é <strong>uma</strong> constante referência <strong>de</strong> Hermeto, por quem ele<br />
nutre gran<strong>de</strong> admiração, segundo Márcio Bahia. O baterista cita a música “Mestre<br />
Radamés”, <strong>de</strong> Hermeto Pascoal, na qual o compositor explora a linguagem da bateria<br />
(veremos essa música em <strong>de</strong>talhes no próximo capítulo).<br />
Márcio Bahia, que toca com ele <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1981, concorda com a importância dada aos<br />
con<strong>junto</strong>s regionais e ao choro na formação musical <strong>de</strong> Hermeto:<br />
No começo do grupo, quando a gente ensaiava todo dia, sempre tinha um choro no<br />
repertório. Ele tem essa linguagem do choro muito bem fundamentada, ele apren<strong>de</strong>u<br />
tocando nos regionais. Ele tocava acor<strong>de</strong>om e pan<strong>de</strong>iro no choro. (Bahia 2005)<br />
“Chorinho pra ele” e “Intocável” são choros bem conhecidos <strong>de</strong> Hermeto Pascoal,<br />
que ele gravou respectivamente nos discos Missa dos escravos e Só não toca quem não<br />
quer. Ambos apresentam alg<strong>uma</strong>s características próprias aos choros tradicionais, o<br />
compasso 2/4, duas partes distintas e bem <strong>de</strong>senvolvidas (embora a maioria dos choros<br />
apresente três partes), melodias em âmbito extenso com <strong>de</strong>senhos que provocam um efeito<br />
<strong>de</strong> falso-contraponto, bordaduras e ornamentos etc. Ritmicamente, há um uso recorrente <strong>de</strong><br />
quiálteras que articulam frases e partes distintas. Particularmente no “Chorinho pra ele”,<br />
acontecem breques em que o solista faz cadências curtas em quiálteras. Ao final, o<br />
andamento é “dobrado”, um recurso recorrente em rodas <strong>de</strong> choro, em gravações <strong>de</strong><br />
músicas nor<strong>de</strong>stinas e choros, como por exemplo “Brasileirinho”, <strong>de</strong> Waldir Azevedo. No<br />
choro “Intocável”, a formação aproxima-se da convencional pela presença da flauta e do<br />
violão <strong>de</strong> sete cordas, tocado por Rafael Rabello.<br />
Além <strong>de</strong>ssas músicas, há outros choros <strong>de</strong> Hermeto gravados: “Sorrindo”, no disco<br />
Hermeto Pascoal e grupo; “Chorinho Mec”, no disco Eu e eles; “Música é que nem filho, a<br />
gente faz e <strong>de</strong>pois dá o nome” e “Vocês me <strong>de</strong>ixam ali e seguem no carro”, gravadas pelo<br />
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