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Tudo isso junto de uma vez só: - teses.musicodobra...

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Nem tão rudimentar assim, a bateria não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser hoje um set organizado <strong>de</strong><br />

instrumentos <strong>de</strong> percussão, on<strong>de</strong> constam os instrumentos básicos citados: a caixa, os<br />

pratos, além dos outros instrumentos típicos <strong>de</strong> banda: o bumbo, os pratos <strong>de</strong> choque ou<br />

contratempos, o surdo, os tons. Além <strong>de</strong>sses, o set da bateria admite inúmeras outras<br />

possibilida<strong>de</strong>s, conforme os instrumentos e técnicas utilizadas (com as mãos, com baquetas<br />

diferentes), a criativida<strong>de</strong> do músico e a linguagem musical que ele <strong>de</strong>senvolve.<br />

Como ele [Perrone] disse <strong>uma</strong> <strong>vez</strong>, o baterista tem que contar <strong>uma</strong> história, tem que saber<br />

abrir e fechar na hora certa, tem que participar da melodia, preenchendo os espaços por ela<br />

oferecidos e usando toda a bateria. O Perrone solava acompanhando. Ora tirava a esteira,<br />

ora tocava com a mão, ora fechava nos pratos <strong>de</strong> choque para abrir no prato e voltar <strong>de</strong>pois<br />

tocando os tambores, ora tocava a caixeta, ora o agogô, e assim ele passeava pelo<br />

instrumento (...). Como dizia Radamés Gnattali: “O Luciano toca com a música, não faz<br />

ritmo <strong>de</strong> base simplesmente”. (Bolão 2003)<br />

No livro Batuque é um privilégio, Bolão ensina alg<strong>uma</strong>s técnicas utilizadas por<br />

Perrone, ao tocar samba, por exemplo: abafar com a mão a pele da caixa (sem esteiras)<br />

enquanto percute com a outra baqueta, fazer o mesmo com um prato splash <strong>de</strong> 10<br />

polegadas, tocando ora na borda ora no topo do prato, etc.<br />

Airto Moreira, por sua <strong>vez</strong>, também faz <strong>uma</strong> mistura entre a percussão do choro, do<br />

samba e do forró e a bateria. Nenê, ao entrar no lugar <strong>de</strong> Airto, diz ter aprendido no<br />

Quarteto Novo a “usar a percussão <strong>junto</strong> com a bateria: caxixi, triângulo, pan<strong>de</strong>iro” (Nenê<br />

2005).<br />

No caso <strong>de</strong> Perrone, nas orquestras <strong>de</strong> rádio, o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> seu estilo <strong>de</strong><br />

tocar era também <strong>uma</strong> necessida<strong>de</strong> da orquestração, pois na Rádio Nacional não havia<br />

tantos percussionistas como na gravadora RCA, on<strong>de</strong> ele estava acost<strong>uma</strong>do a tocar:<br />

Radamés fazia os arranjos para Orlando Silva, por exemplo, e quando este estava cantando,<br />

a orquestra fazia a harmonia, e o ritmo era todo na percussão. Quando fomos para a Rádio<br />

Nacional, o cantor trouxe da gravadora o mesmo arranjo, mas, como na rádio nessa época<br />

<strong>só</strong> tinha eu na bateria e mais um outro na percussão, ficava um vazio enorme. E eu me<br />

<strong>de</strong>sdobrando na bateria para suprir a falta dos outros instrumentos! (Luciano Perrone apud<br />

Barbosa e Devos 1985: 45)<br />

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