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Tudo isso junto de uma vez só: - teses.musicodobra...

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Por toda <strong>uma</strong> área que compreen<strong>de</strong> os estados do Piauí, Ceará, Rio Gran<strong>de</strong> do Norte,<br />

Paraíba, Alagoas, Pernambuco e pelo menos o norte baiano atua <strong>uma</strong> “banda” típica, ou<br />

melhor, <strong>uma</strong> orquestra, cuja <strong>de</strong>nominação mais usual é “zabumba”, o mesmo nome do<br />

bombo popular. (Guerra-Peixe 1970: 15)<br />

Em geral, essas bandas são formadas por dois pifes, o próprio zabumba e um tarol<br />

ou caixa. Os nomes dados ao con<strong>junto</strong> variam conforme a região, assim como os<br />

instrumentos tocados, po<strong>de</strong>ndo ser acrescidos pratos, triângulo, pan<strong>de</strong>iro, um surdinho,<br />

ganzá, <strong>de</strong>ntre outros. O zabumba e os pifes parecem ser recorrentes como a base da<br />

formação.<br />

Os pifes, pífanos ou pífaros são flautas feitas artesanalmente <strong>de</strong> bambu (taboca).<br />

Atualmente, <strong>de</strong>vido à falta <strong>de</strong> matéria prima <strong>de</strong>corrente do <strong>de</strong>smatamento, os músicos<br />

artesãos passaram a fazer pifes também <strong>de</strong> pvc. Seja qual for o material empregado, os<br />

pifes apresentam sete orifícios − seis para digitação e um para sopro. Em geral, são flautas<br />

transversais, diferentes das gaitas, que são flautas artesanais tocadas na vertical, como as<br />

gaitas <strong>de</strong> caboclinhos, presentes no carnaval <strong>de</strong> Recife.<br />

A formação instrumental que reúne o som dos pifes (em intervalos paralelos) à<br />

percussão do zabumba, da caixa e dos pratos, <strong>de</strong>ntre outros, possui vários nomes: banda ou<br />

terno cabaçal, terno <strong>de</strong> couro, banda ou terno <strong>de</strong> pífanos, zabumba, terno <strong>de</strong> zabumba e<br />

esquenta-mulher, como era conhecida por Hermeto em Alagoas.<br />

Os relatos sobre as zabumbas ou bandas <strong>de</strong> pífanos indicam que originalmente eram<br />

bandas ligadas às festas religiosas, que cumpriam as mais diversas funções sociais –<br />

novenas, procissões, batizados, casamentos. Mas aos poucos foram tomando parte também<br />

nas festas cívicas e finalmente nas profanas como forrós e carnavais. Tal separação às <strong>vez</strong>es<br />

é problemática porque as próprias festas <strong>de</strong> São João são festas híbridas, religiosas e<br />

profanas, como tantas outras em nossa cultura. Mas o que pretendo salientar é a<br />

versatilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tais con<strong>junto</strong>s, que dialogam tanto com as bandas <strong>de</strong> coreto quanto com as<br />

procissões <strong>de</strong> beatas e os trios <strong>de</strong> forró. Todas essas influências estão presentes nas bandas<br />

<strong>de</strong> pífano, como estão presentes na música <strong>de</strong> Hermeto.<br />

Com o intuito <strong>de</strong> perceber a transposição musical da vida cotidiana feita por<br />

Hermeto, no caso, das festas <strong>de</strong> rua vividas por ele, po<strong>de</strong>mos escutar a composição “Santo<br />

Antônio” (faixa 1, CD em anexo), gravada no disco Zabumbê-bum-á. Essa gravação é <strong>uma</strong><br />

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