Tudo isso junto de uma vez só: - teses.musicodobra...
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clarinetas, clarone, sax, trompete, trombone, gaita), cordas (violino, viola, cello,<br />
contrabaixo, violão, guitarra), percussão, bateria, vozes e piano. Alguns começaram do zero<br />
e outros saíram <strong>de</strong> bandas ou conservatórios. O que mais chama a atenção no con<strong>junto</strong> são<br />
a fluência rítmica dos músicos, a consciência harmônica e, sem dúvida, a aparente<br />
satisfação em tocar em grupo.<br />
Seguindo a genealogia musical <strong>de</strong> Hermeto Pascoal, a música e a educação musical<br />
<strong>de</strong> Itiberê são necessariamente arraigadas na tradição musical brasileira. Desenvolvendo a<br />
pedagogia criada intuitivamente por Hermeto, o método <strong>de</strong> Itiberê valoriza sobretudo <strong>uma</strong><br />
vivência rítmica intensa e a consciência harmônica, tudo <strong>isso</strong> aprendido oralmente. Na<br />
maioria das <strong>vez</strong>es, Itiberê cria músicas e arranjos in loco, no momento, e passa oralmente a<br />
parte <strong>de</strong> cada músico, que <strong>de</strong>ve aprendê-la, tirando-a no instrumento para, em seguida,<br />
registrá-la no ca<strong>de</strong>rno. Esse procedimento não <strong>só</strong> valoriza a expressão do intérprete, como<br />
também aguça sua audição e a atenção na dinâmica <strong>de</strong> trabalhar em grupo. A improvisação<br />
é <strong>de</strong>senvolvida focalizando também a experiência presente, sem a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
parâmetros racionais, o solista <strong>de</strong>ve se guiar pelo som e pela intuição. O método, que ele<br />
chama <strong>de</strong> corpo-presente, <strong>de</strong>senvolve a liberda<strong>de</strong> e a intuição musical com limites bem<br />
<strong>de</strong>finidos, <strong>de</strong> <strong>uma</strong> forma integradora.<br />
A primeira oficina do Itiberê realizada na Escola <strong>de</strong> Música da UFMG, em 2002,<br />
teve duração <strong>de</strong> três dias, <strong>de</strong> manhã e à tar<strong>de</strong>. Durante esses três dias, um grupo <strong>de</strong> músicos<br />
dos mais variados instrumentos (clarinetas, flautas, trombones, trompetes, saxofones, piano,<br />
teclado, percussão, violão, baixo, vozes, viola) se reuniu na sala 3003. Foi <strong>uma</strong> experiência<br />
intensa, Itiberê, atuando ao mesmo tempo como um maestro-educador-compositor, passava<br />
as partes oralmente para cada músico, que <strong>de</strong>veria tirá-la no instrumento. Espontaneamente,<br />
as funções <strong>de</strong> cada um foram surgindo, como em <strong>uma</strong> família. Alguns tomaram a iniciativa<br />
<strong>de</strong> registrar em ca<strong>de</strong>rno as partes, outros ajudavam aqueles que tinham dificulda<strong>de</strong> em tirar<br />
as notas ou memorizá-las. As harmonias e polirritmias realizadas não eram nada fáceis.<br />
Todos vibravam <strong>junto</strong>s ao ver a música sendo criada, cada um como <strong>uma</strong> parte essencial <strong>de</strong><br />
<strong>uma</strong> orquestra que estava sendo formada. Foi <strong>uma</strong> experiência singular para muitos,<br />
acost<strong>uma</strong>dos a ler partituras. Nessa oficina, muitos músicos tiveram oportunida<strong>de</strong> não <strong>só</strong> <strong>de</strong><br />
tocar <strong>de</strong> cor, como também <strong>de</strong> tocar ritmos complicados, mas dançantes e animados. Ao<br />
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