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Tudo isso junto de uma vez só: - teses.musicodobra...

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4. Anarriê<br />

4.1. O baile que era choro que hoje é forró...<br />

“Anarriê” vem <strong>de</strong> en arrière (“para trás” em francês) e remete às quadrilhas das<br />

festas <strong>de</strong> São João que atualmente acontecem por todo o Brasil no mês <strong>de</strong> junho. Mas se<br />

voltamos ainda mais “para trás”, <strong>de</strong>scobrimos que quadrilha era também <strong>uma</strong> dança<br />

animada pelos choros no Rio <strong>de</strong> Janeiro, ainda no século XIX. E não <strong>só</strong> no Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

Segundo Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, “a quadrilha fez furor no Recife por 1840 <strong>de</strong>sbancando tudo<br />

quanto era dança do tempo” (Andra<strong>de</strong> 1999: 414).<br />

A quadrilha torna-se portanto mais um elo <strong>de</strong> ligação entre o choro e o forró que<br />

conhecemos hoje. Apesar <strong>de</strong> atualmente ela estar mais associada ao forró, tanto ela<br />

pertence ao universo do choro que quem vai explicar como ela acontecia é Alexandre<br />

Gonçalves Pinto, o saudoso chorão:<br />

A quadrilha era <strong>uma</strong> dança figurada com cadência <strong>de</strong> seis por oito e dois por quatro no<br />

compasso. [...] Esse estilo <strong>de</strong> dança traz sauda<strong>de</strong>s das marcações: “Travessê!”, “Balancê!”,<br />

“Tour!”, “Anavancatre!”, “Marcantes anavan!”, “Caminhos da roça!”, “Volta gente que está<br />

chovendo!” [...] Para ser marcante era preciso conhecer todas as evoluções da quadrilha, e<br />

estar muito atento ao <strong>de</strong>senrolar da música. (Gonçalves Pinto 1936: 112, 113)<br />

Como bom observador, Alexandre não <strong>só</strong> <strong>de</strong>screve momentos engraçados das<br />

quadrilhas que freqüentava, como também aponta diferenças entre as quadrilhas dançadas<br />

nos salões dos bairros <strong>de</strong> Botafogo e Tijuca (os ricos) e a“que era <strong>de</strong>sengonçada na Cida<strong>de</strong><br />

Nova e Jacarepaguá” (Gonçalves Pinto 1936: 113), a “roda do povo”:<br />

Os ricos [...] observavam rigorosamente a pronúncia francesa e a orquestra <strong>só</strong> parava<br />

quando o “marcante” dava o sinal. Na roda do povo [...] a marcação era gozada porque<br />

sendo feita num “francês-macarrônico”, tinha uns enxertos, conforme a festivida<strong>de</strong> do<br />

marcante. (Gonçalves Pinto 1936: 113)<br />

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