Tudo isso junto de uma vez só: - teses.musicodobra...
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Hermeto Pascoal, que problematizam a separação entre erudito e popular. (Travassos 2000:<br />
7, 8)<br />
Ao realizar <strong>uma</strong> música que interessa a públicos tão diversos, criando novas escutas,<br />
e ao mesmo tempo calcada em fontes nitidamente populares, ambos tornam-se músicos <strong>de</strong><br />
difícil <strong>de</strong>finição. Um exemplo <strong>de</strong>sse novo espaço <strong>de</strong> interação é o fato <strong>de</strong> músicas <strong>de</strong><br />
Hermeto Pascoal e Egberto Gismonti constarem nos programas <strong>de</strong> concertos do Duo Assad<br />
<strong>de</strong> violões, conhecido no circuito internacional da chamada música <strong>de</strong> concerto.<br />
No que diz respeito ao <strong>de</strong>bate acadêmico e terminológico em geral, a música<br />
instrumental popular ou música instrumental brasileira contemporânea, na qual procuro<br />
<strong>de</strong>stacar a música <strong>de</strong> Hermeto Pascoal, não se encaixa em meio às dicotomias conceituais e<br />
entre os campos que geralmente se <strong>de</strong>dicam ao estudo da música no Brasil: a musicologia, a<br />
etnomusicologia, os estudos sociais e literários, <strong>de</strong>ntre outros. A meu ver, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os anos<br />
1970, ela significou justamente <strong>uma</strong> proposta concreta, ou melhor, sonora, para a diluição<br />
das fronteiras terminológicas.<br />
Há, no entanto, outra fronteira que ten<strong>de</strong> a <strong>de</strong>saparecer na música <strong>de</strong> Hermeto<br />
Pascoal, conforme veremos nos capítulos que se seguem: a distinção entre música<br />
folclórica e música popular. Mas antes precisamos enten<strong>de</strong>r melhor tais <strong>de</strong>finições.<br />
1.2. Música popular?<br />
Carlos Sandroni, no artigo “A<strong>de</strong>us à MPB” (2004), evi<strong>de</strong>ncia o vínculo entre o<br />
popular da <strong>de</strong>finição “música popular brasileira” e <strong>de</strong>terminada concepção <strong>de</strong> povo<br />
brasileiro. A partir <strong>de</strong>sse esclarecimento inicial, ele <strong>de</strong>monstra como o conceito <strong>de</strong> “música<br />
popular brasileira” foi se transformando ao longo do tempo, <strong>junto</strong> com a transformação da<br />
concepção <strong>de</strong> “povo brasileiro”.<br />
Primeiramente, ele coloca a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir o que seja “povo” para se saber o<br />
que vem a ser “popular”. Alguns dilemas emergem <strong>de</strong>ssa questão: a diferença entre música<br />
folclórica e música popular, a mudança <strong>de</strong> sentido <strong>de</strong>sses termos ao longo do tempo, a<br />
separação entre música rural e música urbana.<br />
Segundo Sandroni, até os anos 1940, usava-se “música popular” referindo-se ao<br />
mundo rural, mas a crescente importância das músicas urbanas, associada à produção<br />
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