Tudo isso junto de uma vez só: - teses.musicodobra...
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Conclusões<br />
A trajetória <strong>de</strong>sse estudo não esteve <strong>de</strong>lineada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início, ela foi sendo criada e<br />
recriada a partir das idéias suscitadas pela leitura da bibliografia, pela escuta da discografia<br />
e, principalmente, a partir dos <strong>de</strong>poimentos dos entrevistados. A metodologia seguiu os<br />
princípios formulados por Geertz (1989), os diferentes “fios” <strong>de</strong> informação e experiência<br />
foram sendo tecidos, equilibrando diferentes processos – a abordagem interpretativa da<br />
bibliografia e dos <strong>de</strong>poimentos, as análises musicais, a observação-participante, tudo <strong>isso</strong> à<br />
luz da experiência musical – <strong>de</strong> modo a encontrar um percurso ao mesmo tempo criativo e<br />
fundamentado.<br />
Seguindo a trajetória musical <strong>de</strong> Hermeto Pascoal, conhecemos o forró, o choro e as<br />
bandas <strong>de</strong> pífanos. Essas três formações instrumentais foram aqui relacionadas <strong>de</strong> modo a<br />
entendê-las como formações musicais tradicionais no Brasil, pelas quais passaram gêneros<br />
musicais diversos. Foi necessário então compreen<strong>de</strong>r o paradigma do tresillo para, num<br />
primeiro momento, apreen<strong>de</strong>r a rítmica tradicional do choro e do forró e, num segundo<br />
momento, incorporá-lo à multiplicação <strong>de</strong> pulsações proposta pela rítmica <strong>de</strong> Hermeto.<br />
As formações instrumentais estudadas foram i<strong>de</strong>ntificadas como bases para o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento da música instrumental no Brasil e particularmente da música <strong>de</strong> Hermeto<br />
Pascoal. Nesse percurso, <strong>de</strong>scobrimos a orquestra <strong>de</strong> Guerra-Peixe, em Recife, e o regional<br />
<strong>de</strong> Pernambuco do Pan<strong>de</strong>iro, no Rio <strong>de</strong> Janeiro, como escolas <strong>de</strong> Hermeto nos arranjos, no<br />
choro e no forró. As bandas <strong>de</strong> pífano foram <strong>de</strong>stacadas como fonte inesgotável <strong>de</strong><br />
brinca<strong>de</strong>iras, a “Briga do cachorro com a onça”, por exemplo, sendo <strong>uma</strong> referência<br />
importante em suas experimentações com sons <strong>de</strong> animais.<br />
Investigando mais <strong>de</strong> perto a música <strong>de</strong> Hermeto, foi possível compreen<strong>de</strong>r alguns<br />
dos jogos e brinca<strong>de</strong>iras rítmicas que ele realiza tanto em composições como em<br />
improvisos. Vimos também que a música <strong>de</strong>senvolvida por ele permite questionar<br />
categorias musicais estabelecidas – música popular, folclórica, erudita – tanto por<br />
apresentar elementos <strong>de</strong> todas essas categorias como também por não se ater a nenh<strong>uma</strong><br />
<strong>de</strong>las. Como <strong>de</strong>finir sua música afinal?<br />
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