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Tudo isso junto de uma vez só: - teses.musicodobra...

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<strong>de</strong>saparecido enquanto manifestação musical espontânea, po<strong>de</strong>ria ser re<strong>de</strong>scoberto a<br />

qualquer momento, a partir dos registros existentes. Outro exemplo: a polca, que é<br />

tradicionalmente associada às origens do choro, continua sendo tocada em rodas <strong>de</strong> choro e,<br />

é claro, na escola <strong>de</strong> choro, além d<strong>isso</strong>, ela não <strong>só</strong> é citada entre os gêneros das bandas <strong>de</strong><br />

pífano, como também do forró...<br />

2.2. Segura a porca!<br />

O sanfoneiro era, portanto, um personagem importante da vida no Sertão. Para Januário,<br />

que era um excelente tocador, não faltava trabalho. Da quinta-feira ao domingo, ele não<br />

parava. Saía <strong>de</strong> casa no final da tar<strong>de</strong>, com o fole a tiracolo e <strong>só</strong> voltava para casa <strong>de</strong><br />

madrugada. Se a festa não era longe <strong>de</strong>mais, a família o acompanhava. Santana ficava<br />

sentada, olhando tudo. A meninada não perdia <strong>uma</strong> dança: mazurcas, valsinhas, emboladas,<br />

polcas interpretadas com maestria pelo pai. “Segura a porca!”, gritavam os matutos do<br />

salão, encorajando o sanfoneiro... (Dreyfus 1997: 38)<br />

É forró, é choro? Por enquanto é a polca, gênero ou pelo menos o nome <strong>de</strong> um<br />

gênero que atravessou a virada do século XX, passando pelos con<strong>junto</strong>s <strong>de</strong> choros, bandas<br />

<strong>de</strong> pífanos, regionais das rádios e trios <strong>de</strong> forró (não necessariamente nessa or<strong>de</strong>m).<br />

A polca, ao chegar perto do lundu, vira a música que vai provocar o aparecimento<br />

do maxixe como dança <strong>de</strong> salão; ao aproximar-se da marcha, vira frevo; mas se é tocada<br />

pelos regionais, vira choro. Alexandre Gonçalves Pinto <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>-a com veemência:<br />

A polka é como o samba, <strong>uma</strong> tradição brasileira. [...] A polka ca<strong>de</strong>nciada e chorosa ao som<br />

<strong>de</strong> <strong>uma</strong> flauta... [...] A polka, com toda a sua belleza, com todos os requisitos <strong>de</strong> elegância e<br />

com todas as tentações que a sua execução provoca, jamais po<strong>de</strong>rá <strong>de</strong>sapparecer dos nossos<br />

salões e das nossas salinhas, como um preito <strong>de</strong> homenagem aos nossos bisavós e como<br />

respeito às nossas tradições. (Gonçalves Pinto 1936: 115, 116)<br />

O chorão Alexandre está falando dos “salões” e “salinhas” do Rio <strong>de</strong> Janeiro na<br />

virada do século XIX para o século XX que, como veremos, não estão tão longe dos bailes<br />

que aconteciam no Nor<strong>de</strong>ste, no que diz respeito não <strong>só</strong> aos gêneros musicais tocados,<br />

como também à existência dos choros como formações musicais.<br />

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