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Tudo isso junto de uma vez só: - teses.musicodobra...

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Do mesmo modo que Hermeto e Luiz Gonzaga, como <strong>de</strong>scobrimos na 1ª parte da<br />

pesquisa, Pernambuco também trabalhou na ponte entre o choro e o forró, ou seja, nos<br />

regionais, on<strong>de</strong> tantos ritmos, gêneros e experiências musicais se encontravam e se<br />

misturavam. “Em todos os regionais do Rio <strong>de</strong> Janeiro eu toquei, passei pela peneira <strong>de</strong><br />

todos. Aí fiz o meu” (Pernambuco 2006). Com tanta bagagem e experiência, Pernambuco<br />

funda em meados <strong>de</strong> 1950 seu próprio regional, em cujas gravações vamos encontrar Jorge,<br />

Gaúcho, Pingüim, Ubiratan, Manuelzinho, alguns dos companheiros já citados por Hermeto<br />

e, para nossa surpresa, o próprio Hermeto, com 18 anos, recém-chegado <strong>de</strong> Recife. 39<br />

8.2. Batucando no morro ou no arraial?<br />

Pernambuco falando sobre o Hermeto: “Gran<strong>de</strong> monstro. Maravilhoso. Ele não<br />

apren<strong>de</strong>u comigo. Você precisa ver o que ele e o Escurinho 40 fazem no disco!”<br />

(Pernambuco 2006). Mas a semelhança entre Pernambuco e Hermeto não <strong>de</strong>ixa dúvidas,<br />

existiu ali <strong>uma</strong> forte relação <strong>de</strong> aprendizado e convivência musical.<br />

Em sua casa, Pernambuco apresentou-me não apenas o disco Batucando no morro<br />

(que eu já havia procurado sem sucesso), como também outros dois discos que ele gravou<br />

nos anos 1950 – No meu Brasil é assim e No arraial <strong>de</strong> Santo Antônio. O regional <strong>de</strong>ssa<br />

<strong>vez</strong> foi do morro ao arraial, passando pelo samba, pelo choro, pela valsa, pelo forró... Em<br />

todos os três discos, lá está o balanço do acor<strong>de</strong>om <strong>de</strong> Hermeto. Antes <strong>de</strong>le, haviam<br />

passado pelo regional os acor<strong>de</strong>onistas Toninho, Auro Gaúcho, Reginaldo da Silva<br />

(Caçulinha) e Edinho; Hermeto entrou no lugar <strong>de</strong>sse último.<br />

O Hermeto tinha um irmão que já tocava no Rio, chamava-se Zé Neto. O irmão falava<br />

muito nele; dizia: “Pernambuco, dá <strong>uma</strong> chance para o meu irmão, eu trago ele”. Quando<br />

<strong>de</strong>i cartão vermelho para o Edinho, o Hermeto já não estava na Rádio Jornal do Comércio,<br />

em Recife, ele já estava na Rádio Tabajara, na Paraíba. Man<strong>de</strong>i um telegrama para o<br />

Hermeto “Venha para o meu regional, o seu lugar está garantido”. Um dia, eu estou na<br />

rádio Mauá com o meu regional, aí entra o Zé Neto, aí me lembrei do recado... Então<br />

apareceu lá o ratinho branco [Hermeto] com 80 baixos... (Pernambuco 2006)<br />

39 Depoimento <strong>de</strong> Pernambuco do Pan<strong>de</strong>iro sobre a chegada <strong>de</strong> Hermeto no regional, ver DVD em anexo.<br />

40 Escurinho é Manoel Gomes, o Manezinho da Flauta, que dividia os solos com Hermeto, como veremos a<br />

seguir.<br />

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