mostrar seu talento. Na casa <strong>de</strong> Adauto, as “brinca<strong>de</strong>iras eram realizadas com chorões escolhidos” (Gonçalves Pinto 1936: 94). Na falta <strong>de</strong> bailes públicos ou rádio, os músicos ficavam conhecidos nas festas particulares <strong>de</strong> maior fama e seu virtuosismo corria <strong>de</strong> bocaem-boca (Tinhorão 1997). O Rio <strong>de</strong> Janeiro posterior a 1870 (que é até quando recuam as memórias <strong>de</strong> Alexandre Gonçalves Pinto) até cerca <strong>de</strong> 1930 (quando estão morrendo os últimos chorões e com eles o choro boêmio) era um Rio <strong>de</strong> Janeiro muito provinciano. As diversões públicas – como os cafés cantantes dos remediados e os chopes-berrantes, mais populares – <strong>só</strong> começaram a aparecer praticamente no início do século, quando o rápido processo <strong>de</strong> urbanização conseqüente da abolição da escravatura e da formação das pequenas indústrias [...] provocou <strong>uma</strong> brusca modificação na fisionomia social da cida<strong>de</strong>. (Tinhorão 1997: 121, 122) Ao fazer um levantamento das biografias dos músicos, cantores, mestres <strong>de</strong> bandas e boêmios referidos por Alexandre Gonçalves Pinto, Tinhorão afirma que, <strong>de</strong>ntre estes, há principalmente tocadores <strong>de</strong> violão, flautistas, 24 cavaquinistas e tocadores <strong>de</strong> oficlei<strong>de</strong>. Mas também há vários trombonistas, trompetistas, bandolinistas, clarinetistas, tocadores <strong>de</strong> requinta e <strong>de</strong> harmônica, cantores, pianistas, regentes, poetas e também os anfitriões das casas on<strong>de</strong> se reuniam os choros. Alexandre cita a profissão <strong>de</strong> muitos chorões: carteiros, soldados, componentes das bandas <strong>de</strong> corporação, feitores <strong>de</strong> obras, pequenos empregados do comércio e burocratas. Depois dos correios, a instituição <strong>de</strong> on<strong>de</strong> mais saíam chorões eram as bandas militares. Tais bandas eram importantes núcleos formadores <strong>de</strong> músicos, e havia várias <strong>de</strong>las, 25 frente à escassez <strong>de</strong> orquestras (Tinhorão 1997). Segundo Tinhorão, os con<strong>junto</strong>s <strong>de</strong> choro tiveram seu apogeu até que a atração das revistas e, <strong>de</strong>pois, do disco e do rádio, vieram diversificar os meios <strong>de</strong> diversão. O maxixe e o samba, juntamente com a música das jazz-bands, puseram fim à “era sentimental dos chorões”. Alguns chorões se profissionalizaram para tocar nas orquestras <strong>de</strong> cinema e 24 Alguns ainda tocavam a flauta do sistema antigo, <strong>de</strong> cinco chaves. 25 Alg<strong>uma</strong>s bandas citadas por Alexandre Gonçalves Pinto: a Banda do Corpo <strong>de</strong> Marinheiros, a da Guarda Nacional, a do Batalhão Municipal e, principalmente, a do Corpo <strong>de</strong> Bombeiros, da qual Anacleto <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros era regente. 50
teatros <strong>de</strong> revistas, outros a<strong>de</strong>riram às jazz-bands, trocando o oficlei<strong>de</strong> pelo saxofone. Tinhorão lamenta os tempos idos e a influência crescente da cultura americana, arrematando: “<strong>de</strong> toda a experiência se salvava, afinal, um gênero novo <strong>de</strong> música popular, o choro” (Tinhorão 1997: 124). 51
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Referências Referências bibliogr
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SANDRONI, Carlos. 2001. Feitiço de
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